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Chapter 8 - Capítulo 8 — Como Acordar de um Sonho em Liucheng

Dezoito anos. Era a primeira vez que Fang Ling atravessava o portão que permanecera selado por tanto tempo.

Ele desceu lentamente os degraus de pedra azul.

Por tantos anos sem passos humanos, a escadaria estava coberta de musgo úmido e escorregadio.

Um homem comum certamente cairia ali com um passo em falso.

Quando criança, Fang Ling sonhava dia e noite em deixar aquele templo em ruínas. Mas agora que realmente partia, uma estranha incerteza se erguia em seu peito.

Ele não sabia para onde ir. Então apenas seguiu um caminho estreito, caminhando até que a estrada o levou a uma pequena aldeia habitada.

O vilarejo era pequeno e isolado.

Por isso, a chegada de um estranho imediatamente atraiu a atenção dos aldeões.

Alguns jovens vieram cercá-lo, mas nenhum se atreveu a ser rude.

As roupas de Fang Ling eram tecidas com fios de seda produzidos pelas larvas venenosas criadas por seu Mestre Gordo — uma vestimenta refinada que, à primeira vista, denunciava um jovem de família nobre.

"Senhor, o que o traz à nossa Aldeia He?" perguntou o líder do grupo, um rapaz de pele escura.

"Perdi-me nas montanhas e não sei como sair," respondeu Fang Ling.

"Gostaria de chegar à cidade mais próxima. Poderia me guiar até lá?"

"Ah, entendo." O jovem de pele escura assentiu e olhou para os outros.

"Vocês voltem ao trabalho, Dogdan! Eu mesmo levarei o senhor até a cidade — já estava na hora de eu ir também."

"Tudo bem! Volte sempre pra casa, Heizi!" gritaram os outros, despedindo-se.

"Com certeza!" Heizi acenou com um sorriso e começou a caminhar, guiando Fang Ling pela estrada.

"Meu nome é He Dayou. Como minha pele é escura desde pequeno, o pessoal da aldeia me chama de Heizi," explicou ele.

"Posso saber o nome do senhor?"

"Fang Ling," respondeu.

Era a primeira vez que ele conversava com alguém do mundo exterior.

Logo percebeu que as pessoas fora do templo não eram tão traiçoeiras ou perigosas quanto seus mestres diziam. Aquele He Dayou, por exemplo, parecia um homem simples e bondoso.

"O senhor se chama Fang? Seria da família Fang, ao sul da cidade?" perguntou He Dayou, curioso.

Fang Ling balançou a cabeça. "Não. Venho de terras distantes."

"Só sei que este lugar pertence ao Reino de Da Chu, e que nas redondezas há uma cidade chamada Yecheng."

"Reino de Da Chu?" He Dayou arregalou os olhos. "Senhor, está brincando comigo?"

"O Reino de Da Chu foi destruído há muito tempo! Hoje é o ano 678 do reinado de Sua Majestade, o Imperador Shao do Reino de Nanyang!"

"O Reino de Nanyang já existe há mais de vinte mil anos! E a cidade que o senhor chama de Yecheng há muito se chama Liucheng."

'O mundo mudou tanto... Então o Mestre estava certo — eles realmente ficaram presos em Hanshan por dezenas de milhares de anos,' pensou Fang Ling.

He Dayou o observou de cima a baixo e disse: "Já entendi! O senhor deve ser um cultivador — alguém que veio de muito longe por meio de um teleporte, não é?"

"Sim," respondeu Fang Ling calmamente.

Os dois conversaram durante o caminho, e Fang Ling logo começou a entender o mundo em que agora se encontrava.

A cidade próxima, Liucheng, era uma metrópole com mais de um milhão de habitantes, onde também viviam cultivadores e famílias de cultivo.

Mesmo assim, em comparação com outras regiões, Liucheng era apenas um canto remoto e insignificante.

Mas isso não importava a Fang Ling.

Tudo o que desejava agora era compreender este novo mundo — e, depois, decidir para onde seguir.

He Dayou, sendo um homem comum, andava em ritmo moderado. Quando o sol já se punha, eles finalmente chegaram às portas de Liucheng.

Ainda bem que Heizi era forte; outro talvez não tivesse conseguido chegar antes do fechamento dos portões.

Embora Liucheng não fosse uma cidade grande em termos imperiais, para Fang Ling — que vivera dezoito anos isolado em Hanshan — tudo parecia imenso.

As ruas movimentadas, os sons e cores, os objetos e aromas desconhecidos — tudo lhe parecia um sonho, irreal e distante.

"Senhor, aqui nos separamos. Tenho que voltar para a casa onde trabalho," disse He Dayou com um sorriso.

"Ouvi você dizer que trabalha para a família Zhao, uma família de cultivadores," respondeu Fang Ling. "Estou sem recursos e sem abrigo. Se possível, irmão Dayou, gostaria que me apresentasse a eles — talvez eu possa servir por algum tempo."

He Dayou hesitou. "Bem… o senhor tem alguma habilidade?"

"Matar pessoas serve?" Fang Ling perguntou com naturalidade. "Nunca matei ninguém, mas desde pequeno aprendi a arte de matar."

He Dayou riu sem jeito. "Parece que o senhor tem talento. Nesse caso, talvez possa tentar uma vaga como guarda da família Zhao."

"Ser guarda lá é bem melhor do que ser um simples carpinteiro como eu."

"Mas não posso garantir que o aceitarão — o padrão deles é alto."

"Não há problema. Só o fato de me levar até lá já é ajuda suficiente," respondeu Fang Ling com um leve sorriso.

"Tudo bem, venha comigo então," assentiu He Dayou.

"Mas devo avisar — a família Zhao é muito rigorosa com as regras. Quando estiver lá, não olhe o que não deve olhar, nem pergunte o que não deve saber. Isso pode lhe poupar grandes problemas."

"Entendido. Pode ficar tranquilo, irmão Dayou," respondeu Fang Ling.

Logo chegaram a uma grande mansão no lado oeste da cidade.

He Dayou entrou primeiro e, após alguns minutos, um homem de meia-idade, gordo e vestido com roupas luxuosas, surgiu no portão.

"Sou Zhao Ruixiang, o mordomo da família Zhao," apresentou-se ele, observando Fang Ling de alto a baixo.

"O senhor não parece uma pessoa comum. O que deseja ao vir à Mansão Zhao?"

Zhao Ruixiang, embora não tivesse grande cultivo, mantivera o cargo de mordomo por décadas — sua habilidade em julgar as pessoas era refinada.

De um único olhar, percebeu que Fang Ling não era alguém que devia ser subestimado, e por isso tratou-o com cortesia.

"Sou um viajante sem destino," disse Fang Ling. "Gostaria apenas de conseguir um trabalho em sua casa por algum tempo."

Zhao Ruixiang ponderou, a mente já calculando.

Aquele jovem parecia incomum — e aceitar alguém assim precipitadamente poderia atrair problemas.

Melhor seria encontrar uma desculpa e dispensá-lo com gentileza.

Mas antes que pudesse abrir a boca, uma carruagem parou diante do portão.

"A senhorita voltou!" anunciou alguém apressado.

Uma voz suave respondeu de dentro da carruagem, e logo uma bota preta desceu do estribo. A jovem da família Zhao surgiu — alta, elegante, com olhar frio e firme.

"Ruishu, quem é ele?" perguntou ela, voltando-se para Fang Ling com curiosidade.

"É o seguinte…" Zhao Ruixiang explicou rapidamente a situação.

"Um desafortunado, é isso?" disse a jovem. "Então não há mal em ajudá-lo por um tempo."

"Pode ficar na Mansão Zhao por enquanto. Quanto ao que fará no futuro, decidiremos depois."

"Muito obrigado," disse Fang Ling, curvando-se ligeiramente para ela antes de seguir o mordomo para dentro.

Zhao Ruixiang, em vez de levá-lo aos aposentos dos servos, conduziu-o até um quarto de hóspedes de alto padrão.

Após algumas instruções breves, Fang Ling finalmente teve um teto sobre a cabeça.

...

"Pai, o senhor mandou me chamar?"

Era noite. No quarto do patriarca Zhao Tianlong, a jovem — Zhao Xilian — entrou.

"Xilian," disse ele em tom grave. "Soube pelo tio Ruishu que você trouxe um estranho para dentro da casa?"

"Ele não tinha para onde ir," respondeu ela com calma. "Pedi para deixá-lo ficar por um tempo."

"Eu mesmo o observei há pouco," disse Zhao Tianlong. "Aquele homem… não é comum."

"Exatamente por isso o aceitei," replicou Zhao Xilian. "Nestes dias, a família Qin tem nos pressionado demais. Precisamos de mais pessoas capazes."

"E se ele for um espião da família Qin?" perguntou Zhao Tianlong, o semblante sério.

Zhao Xilian riu baixinho. "A família Qin jamais teria alguém como ele. Não há chance de ser um espião deles."

Zhao Tianlong soltou uma gargalhada. "Bem dito, minha filha! Está certíssima."

"Com o tipo de criação que a família Qin tem, jamais produziriam alguém daquela estirpe."

"Seu pai já vagou por este mundo e viu de tudo — e garanto, aquele rapaz é qualquer coisa, menos comum."

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