WebNovels

Chapter 3 - Capítulo 3: A Dança da Existência

O pequeno planeta azul girava suavemente na palma estendida de Naruto, um testamento silencioso de sua nova divindade. Ele não sentia o peso, apenas a vibração sutil de suas próprias concepções manifestadas. O sorriso em seus lábios se aprofundou, mas não era mais o sorriso de alívio ou surpresa do despertar. Era um sorriso de compreensão, de um poder ainda intocado que se estendia infinitamente diante dele.

"Um mundo," ele sussurrou, a voz, antes hesitante, agora ressonando com uma quietude autoritária que parecia preencher o vazio cósmico. "Eu criei um mundo."

Ele observou as nuvens brancas que se arrastavam pela superfície azul, as manchas verdes dos continentes, as linhas tênues de cadeias de montanhas que ele havia imaginado. Sua mente, antes focada nas limitações do chakra, agora navegava por um oceano de possibilidades.

A cada instante que passava, a conexão com seu poder se tornava mais intuitiva. Ele não precisava mais de um esforço consciente para "destruir o não-existente". A visualização da criação em si já implicava a destruição do que estava lá antes – o vazio, o nada. E a visualização da destruição de algo existente já implicava a criação de sua ausência, ou do que viria em seu lugar. Era uma simbiose perfeita, um fluxo e refluxo natural.

Naruto experimentou. Ele estendeu o outro punho, fechando-o suavemente. "Quero que este mundo tenha... vida."

Não uma vida qualquer, mas uma que ressoasse com o que ele sentia. Imaginou florestas densas, cheias de criaturas fantásticas, rios correndo com águas cristalinas, e seres inteligentes que pudessem apreciar a beleza da criação. Ele pensou em ciclos de vida e morte, em ecossistemas interconectados, em uma biosfera pulsante. A imagem mental era complexa, detalhada, mas incrivelmente clara.

O pequeno planeta em sua mão começou a brilhar com mais intensidade. Ondas de energia invisível emanavam dele, e Naruto sentiu um calor, um pulso vital, crescendo dentro da esfera. Quando o brilho diminuiu, ele viu. Pequenas luzes bruxuleantes apareciam e desapareciam na superfície do planeta — a centelha da vida emergindo. Ele sentiu a água se movendo, as raízes crescendo, o ar sendo respirado pela primeira vez.

Ele havia criado vida.

Não apenas isso, mas ele podia sentir cada criação. Uma árvore que crescia, um rio que fluía, uma criatura que nascia. Era uma ligação profunda, como se cada partícula de seu universo fosse uma extensão de sua própria imaginação.

Porém, com a maravilha, veio uma responsabilidade que pesava mais do que qualquer coisa que ele já sentira. Se ele podia criar, também podia destruir. Se ele podia dar vida, podia tirá-la. A ideia de destruir o mundo em sua mão, de apagar a vida que ele acabara de gerar, enviou um arrepio pela sua espinha. A destruição, para ele, nunca seria um ato de raiva ou malevolência, mas sempre um ato de renovação, de preparação para algo novo.

Ele não era um deus de castigos ou prêmios, mas de metamorfose constante.

"É solitário, não é?", uma voz suave e ressonante, sem fonte aparente, ecoou no vazio. Era diferente da voz que o havia preenchido com conhecimento, mas carregava uma sabedoria milenar. "Criar por si só é um ato de solidão. A verdadeira plenitude reside em compartilhar a criação, e em ser parte dela."

Naruto olhou ao redor, buscando a fonte da voz, mas não havia ninguém, apenas as galáxias girando.

"Quem está aí?" ele perguntou, sua voz não mais sussurrante, mas firme.

"Eu sou o eco da Verdade," a voz respondeu. "A consciência coletiva de todas as possibilidades que aguardam para serem manifestadas. Eu sou o que precede a Criação, e o que sucede a Destruição. Eu sou o Grande Vazio."

Naruto compreendeu. Era o próprio conceito do Nada que o havia acolhido e transformado. O Vazio primordial, a tela em branco sobre a qual ele agora pintava mundos.

"O que eu devo fazer?" perguntou Naruto, olhando para o planeta em sua mão.

"Tu és o Criador," a voz falou. "O propósito é teu para definir. Podes moldar mundos, criar estrelas, ou extinguir galáxias. Mas lembra-te: cada criação é um pedaço de ti, e cada destruição, um sacrifício necessário para algo maior. A verdadeira maestria não está no poder de criar ou destruir, mas na sabedoria de quando e por que fazê-lo."

A voz, que parecia vir de todos os lugares e de nenhum ao mesmo tempo, começou a desaparecer, tornando-se um sussurro etéreo que se misturava com o brilho das estrelas.

Naruto ficou ali, sozinho novamente, mas não mais solitário. As palavras do Grande Vazio reverberavam em sua mente. Ele olhou para o pequeno mundo em sua palma, e então para a imensidão que se estendia para além dele. Havia incontáveis espaços vazios, esperando por sua imaginação.

Um plano começou a se formar em sua mente. Ele não queria apenas criar mundos; ele queria que esses mundos prosperassem, que tivessem propósito. E ele percebeu que a solidão que sentia, mesmo com todo esse poder, era a mesma solidão de quando não tinha chakra. Ele precisava de interação, de conexão.

Ele imaginou. Não apenas mais um planeta, mas um sistema solar inteiro, com um sol brilhante, planetas de diferentes tamanhos e composições, luas em órbitas harmoniosas. A complexidade de sua visualização era assombrosa, mas ele a sentia, cada órbita, cada pulso gravitacional.

O espaço à sua frente começou a ondular. A luz das galáxias distantes se concentrou, e uma nova estrela, recém-nascida, explodiu em um brilho dourado e quente, iluminando o vazio. Ao seu redor, esferas de rocha e gás, algumas pequenas e outras gigantescas, começaram a se materializar, girando em suas órbitas designadas. Uma dança cósmica de criação.

Naruto recuou, observando sua obra. Era magnífico. Mas não era o fim. Era apenas o começo.

Ele ainda se lembrava de Konoha, de seus pais, de seus irmãos. A dor do bullying estava diminuindo, substituída pela grandiosidade de seu novo eu. Ele havia sido jogado em um novo universo, dado um poder que transcendia tudo o que ele conhecia. Ele não era mais o garoto sem chakra. Ele era Naruto, o Deus da Criatividade. E seu palco era o próprio cosmos.

Ainda havia muito a aprender sobre seu poder, sobre os limites (se houvesse) de sua imaginação. Mas uma coisa era certa: ele não estava mais impotente. Ele era o mestre de seu próprio vazio, e a partir dele, ele construiria tudo.

E talvez, apenas talvez, um dia ele encontraria um caminho de volta. E quando o fizesse, não seria como o garoto insignificante que partiu, mas como algo muito, muito maior.

More Chapters