WebNovels

Chapter 7 - Capítulo 7: Mil Anos de Solidão Cósmica

Milênios.

Milênios haviam se esvaído como areia fina entre os dedos da percepção de Naruto. Em seu universo natal, talvez algumas décadas tivessem passado, mas aqui, no grande Vazio, onde o tempo era maleável e a luz de galáxias distantes alcançava-o em milênios, a eternidade parecia ter se desdobrado.

Ele havia criado. Oh, como ele havia criado! Inúmeros sistemas solares, nebulosas dançantes de gás e poeira estelar, mundos de fogo e gelo, repletos de vida exuberante e formas de existência que desafiavam a compreensão mortal. Seus Eolianos haviam florescido em seu planeta principal, evoluindo de seus passos hesitantes para civilizações complexas, com cidades que brilhavam como joias sob a luz de suas estrelas. Eles o reverenciavam, contavam histórias de sua chegada, de como ele "moldou o nada em tudo". Ele era seu Criador, seu protetor, seu Rei.

Ele havia até mesmo criado outros seres divinos, entidades de seu próprio design, para governar os reinos que ele forjava. Seres feitos de pura energia, ou de matéria estelar condensada, com propósitos específicos: um Deus do Tempo, uma Deusa da Vida, um Guardião do Vazio. Eles eram poderosos, sábios, leais... mas não eram iguais.

Eles o serviam. Obedeciam a cada pensamento, a cada sussurro de sua vontade. Não havia desafio, não havia discussão, não havia comparação. Eles o viam como o onipotente, o inquestionável. E isso era a raiz de sua solidão.

"Eu não quero ser um rei," Naruto sussurrava para o silêncio cósmico, enquanto observava uma nova galáxia que acabara de formar, girando lentamente como um pião de luz em sua mente. Sua voz, que podia ressoar por eons, agora carregava uma melancolia profunda. "Eu só... eu só queria um pouco de atenção, não comparação."

A memória de Konoha, da família que o subestimava, não havia se apagado com o tempo. Pelo contrário, a distância e o poder apenas a tornavam mais nítida, mais dolorosa. Ele se lembrava das risadas de Menma e Narumi, da forma como Minato e Kushina olhavam para seus irmãos com um orgulho que ele sentia que nunca havia conquistado.

Eles não demonstravam seu amor da forma que ele esperava, mas ele sabia que o amavam. No fundo, eles queriam o melhor para ele, à sua maneira. Era apenas que as expectativas, a incessante comparação com o chakra de seus irmãos, haviam criado um abismo.

Ele havia criado seres divinos que o amavam incondicionalmente, que o respeitavam além da medida. Mas esse amor e respeito eram baseados em sua divindade, em seu poder. Não era o amor e a atenção de um irmão que se sentava ao seu lado à mesa, mesmo que com um olhar de superioridade. Não era o cuidado de uma mãe que o repreendia, mesmo que por sua "deficiência".

Ele sentia falta daquela dinâmica imperfeita, daquela humanidade falha que, no fundo, era o que ele realmente queria. Criar um novo sol era magnífico, mas não havia ninguém para compartilhar a admiração com ele, ninguém para dizer "Wow, Naru, você conseguiu!". Seus próprios seres divinos apenas o reverenciavam.

A ironia era pungente. Ele havia sido jogado para longe porque "não tinha nada", e agora ele tinha tudo. Mas esse "tudo" parecia vazio sem as conexões que o faziam humano. Ele não queria ser o Deus inatingível, o monarca supremo de um vasto império cósmico. Ele queria ser Naruto. O Naruto que desejava ser reconhecido pelo que era, não pelo que criava. Ele só queria se sentir parte de algo, não o único ser em seu próprio escalão.

A solidão de um ser onipotente era um fardo mais pesado do que a humilhação de um garoto sem chakra. Pelo menos como garoto, ele tinha a esperança de um dia provar seu valor. Como Deus, ele já havia provado tudo. E ainda assim, algo essencial faltava.

Os milênios o ensinaram a paciência, a sabedoria cósmica, a maestria sobre a existência. Mas não o ensinaram a apagar a saudade de um passado onde as coisas eram simples, onde ele era apenas Naruto Uzumaki, mesmo com todas as suas falhas percebidas. Ele olhava para o vasto universo que ele havia moldado com suas próprias mãos divinas e sentia um vazio que nenhuma criação podia preencher.

Era hora de considerar o impensável. Seria possível? Poderia ele, um Deus da Criatividade e Destruição, usar seu poder para retornar? Não como uma divindade para ser adorada, mas como Naruto, o garoto que ele era? A pergunta ecoava em sua mente, a única esperança de preencher o vazio de milênios.

More Chapters