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Chapter 8 - Capítulo 8: A Proposta do Vazio

O murmúrio das galáxias recém-nascidas preenchia o espaço, mas não o vazio dentro do coração de Naruto. Milênios de poder ilimitado haviam esculpido mundos, mas não haviam preenchido a lacuna deixada pelas conexões que ele tanto ansiava. Ele pairava, a túnica branca e azul esvoaçando suavemente no nada, observando seus Eolianos prosperarem em seu planeta azul, a civilização crescendo e se expandindo. Eles o reverenciavam, sim, mas a devoção deles era como um eco distante, incapaz de ressoar com a melodia que ele procurava.

"És o Criador, e teu poder é ilimitado," a voz do Grande Vazio, suave e onipresente como o próprio éter, rompeu o silêncio cósmico. "No entanto, sinto a discórdia em teu ser. Uma quietude que nenhuma de tuas criações pode dissipar. Dize-me, Arquiteto, o que te aflige?"

Naruto não se assustou. Ele havia se acostumado com a presença do Vazio, uma espécie de mentor silencioso que observava sua jornada. Ele sabia que o Vazio não era uma entidade com corpo, mas a própria consciência do espaço entre as coisas, o potencial de tudo e o destino de tudo.

Ele olhou para o vasto universo que havia construído, para as miríades de estrelas e planetas que brilhavam por sua causa. A majestade era inegável, mas a solidão era avassaladora.

"Eu... eu não sou feliz," Naruto respondeu, a sinceridade em sua voz cortando o silêncio. Ele nunca havia se permitido tal vulnerabilidade, nem mesmo em Konoha. Mas para o Vazio, ele sentia que podia ser completamente honesto. "Eu criei tudo isso, bilhões de vidas, sistemas, galáxias. Mas... não é o que eu quero."

Ele fez uma pausa, o olhar dourado vagando por suas criações. "Eu sou o rei, o deus, o líder. Todos me servem, todos me obedecem. Não há desafio, não há ninguém para me dizer que estou errado, ninguém para me irritar, ninguém para comparar. Eu só queria um pouco de atenção, do tipo que não vem da adoração, mas da aceitação. Eu queria ser o Naruto de antes, mesmo que ele não tivesse chakra. Eu sinto falta das pessoas que eu sei que me amavam, mesmo que elas não pudessem demonstrar isso porque sempre tinham expectativas que eu nunca poderia cumprir."

Ele se lembrou da raiva de Menma, da condescendência de Narumi, do olhar cansado de Minato, do desespero de Kushina. E, estranhamente, sentiu falta de tudo aquilo. As imperfeições, as falhas, as expectativas... faziam parte de quem ele era.

"Eu sinto falta de casa, Vazio," ele confessou, a palavra "casa" soando pequena diante da imensidão que o cercava. "Tem como... tem como eu voltar?"

O Vazio permaneceu em silêncio por um longo momento, o tecido do cosmos parecendo vibrar em contemplação. Então, a voz ressoou novamente, com uma nota de gravidade.

"O caminho de volta é possível, Arquiteto. As portas entre realidades podem ser abertas por aquele que as transcende. Teu poder é mais do que suficiente para isso."

Uma ponta de esperança, há muito adormecida, acendeu-se no peito de Naruto.

"Mas," a voz do Vazio continuou, e a palavra pairou no ar como uma névoa densa, "há um preço, e uma condição. Quando chegaste a este universo, estavas vazio, um receptáculo perfeito. Agora, tu não és mais vazio. Tu preencheste este Vazio com tua criatividade, moldaste reinos, trouxeste vida. Não posso deixar este universo que tu criaste sem um guia. Ele pereceria, e todas as vidas que tu moldaste seriam desfeitas no nada."

A alegria em Naruto vacilou, substituída por uma compreensão sombria. Ele havia criado. Ele era responsável.

"Então... o que eu preciso fazer?" Naruto perguntou, a voz tensa.

"Tu deves criar um ser igualmente poderoso, um sucessor," o Grande Vazio declarou. "Alguém que possua o poder da Criatividade e da Destruição como tu, com a capacidade de guiar este universo com sabedoria e propósito. Uma entidade que seja digna de ocupar teu lugar como o Arquiteto deste domínio. Ele não será teu servo, nem teu adorador, mas teu igual, um regente para o legado que deixas. Somente assim a balança será mantida, e tua partida não causará o caos."

Naruto absorveu as palavras. Criar um novo Deus. Não um servo como os que ele já tinha, mas um ser com a mesma essência de seu próprio poder, que governaria com vontade própria. Era uma tarefa monumental, um ato de criação que exigiria a mais profunda de suas imaginações, um legado de si mesmo.

O custo da sua felicidade era a criação de um novo Deus.

Ele olhou para o universo que se estendia infinitamente ao seu redor, para as galáxias que giravam e os planetas que cintilavam com a vida que ele havia semeado. Era sua responsabilidade. Mas a promessa de casa, de um retorno ao seu eu original, mesmo com todas as suas falhas e frustrações, era um anseio que milênios de divindade não puderam apagar.

A jornada de volta para casa não seria fácil. Primeiro, ele teria que criar um novo Deus.

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