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Naruto: Deus da Criatividade

Kairos_of_Quimera
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Chapter 1 - Capítulo 1: O Vazio em Konoha

O sol nascia preguiçosamente sobre Konohagakure, pintando os picos do Monumento Hokage com tons de laranja e rosa. Para a maioria dos habitantes da Vila da Folha, era apenas mais um dia tranquilo, cheio de promessas de missões, treinamentos e a rotina confortável da vida ninja. Para Uzumaki Naruto, no entanto, era apenas mais um dia de silêncio ruidoso, onde o ar vibrava com o que ele não tinha.

Na espaçosa residência Uzumaki-Namikaze, o café da manhã era uma orquestra de risadas e o crepitar de pequenas explosões de chakra. Minato Namikaze, o Quarto Hokage, observava com um sorriso caloroso enquanto sua esposa, Kushina, recontava uma façanha hilária de sua juventude, fazendo seus três filhos caírem na gargalhada.

"E então, ele foi parar de cara na lagoa, dattebane!" Kushina exclamou, gesticulando dramaticamente, os cabelos vermelhos flamejantes como sempre.

À mesa, sentados lado a lado, estavam Narumi e Menma. Narumi, com seus longos cabelos loiros e olhos azuis brilhantes, uma cópia quase perfeita do pai, já dominava o Rasengan com uma facilidade assustadora para sua idade. Menma, que herdara a força bruta e o temperamento vibrante de Kushina, conjurava pequenos orbes de chakra em suas mãos enquanto comia, mal prestando atenção na comida.

Entre eles, quase imperceptível, estava Naruto. Seu cabelo loiro era um pouco mais bagunçado que o de Narumi, e seus olhos azuis, embora idênticos aos do pai, carregavam uma melancolia que raramente se desfazia. Ele comia seu arroz em silêncio, sentindo o calor do chakra de seus irmãos ao seu lado como uma barreira invisível.

"Naruto, você não vai tentar o controle de chakra hoje?" perguntou Minato gentilmente, percebendo o silêncio do filho mais novo. "Seus irmãos já estão treinando os passos básicos para o Kuchiyose no final da tarde."

Naruto apenas balançou a cabeça, o olhar fixo no prato. "Não adianta, pai. Eu... eu não sinto nada. É como se... não existisse."

Um silêncio desconfortável caiu sobre a mesa. Menma bufou baixinho, e Narumi deu um tapinha desajeitado nas costas de Naruto.

"Ah, Naru, não fala assim," Narumi tentou consolar, mas a pontada de superioridade em sua voz era palpável. "É só questão de prática. Olha, o Menma demorou um pouco para fazer a folha grudar na árvore, não foi, Menma?"

Menma revirou os olhos. "É diferente, Naru. Você não quer treinar. Fica aí, só reclamando. A gente tem que ralar para conseguir as coisas." Ele fez uma pequena explosão de chakra em sua palma, um ponto de luz azulada que dançava no ar. "Isso aqui não aparece do nada."

Naruto sentiu o estômago revirar. Não era a primeira vez que ouvia algo assim. Desde muito pequeno, enquanto seus irmãos demonstravam aptidão natural para o ninjutsu, genjutsu e até mesmo taijutsu aprimorado por chakra, Naruto permanecia inerte. Seu corpo, por mais que tentasse, simplesmente não produzia ou respondia ao chakra. Ele era um enigma, uma anomalia em uma vila onde o chakra era a própria essência da vida e da guerra.

Kushina, percebendo a tensão, interveio. "Chega, crianças. Naruto está fazendo o que pode. Cada um tem seu próprio caminho." Ela lançou um olhar severo para Menma, que se encolheu.

Minato colocou uma mão no ombro de Naruto. "Não se preocupe, filho. Encontraremos um caminho para você. Talvez o taijutsu puro... ou quem sabe uma especialidade diferente."

As palavras de seu pai eram bem-intencionadas, mas vazias. Naruto sabia que, em Konoha, sem chakra, ele nunca seria um ninja de verdade. Nunca seria reconhecido. Nunca seria como seus pais ou irmãos, heróis e prodígios. Ele era o vazio, o ponto cego na linhagem brilhante de seus pais.

Mais tarde naquele dia, enquanto Narumi e Menma treinavam intensamente com Minato no campo de treinamento 7, liberando jutsus básicos e aprimorando seu controle de chakra, Naruto estava sentado à beira do rio, atirando pedras na água. O som dos golpes e das explosões de chakra ecoava pela floresta, um lembrete constante da sua deficiência.

A frustração fervia em seu peito, uma dor tão aguda quanto uma lâmina. "Por que eu não consigo?", ele sussurrou para si mesmo, os olhos ardendo. "Por que sou diferente? Eu só quero ser forte... eu só quero ser útil..."

Ele apertou os punhos, a imagem dos olhos decepcionados de Menma e a condescendência de Narumi perfurando sua mente. Ele queria mais. Queria um lugar onde ele não fosse o elo fraco, onde sua existência não fosse definida pela ausência de algo.

Foi então que aconteceu.

O ar ao seu redor começou a vibrar, não com chakra, mas com algo mais antigo, mais primordial. A água do rio parou de fluir, as folhas nas árvores cessaram seu farfalhar, e até os sons distantes do treinamento de seus irmãos desapareceram. Uma luz azul-turquesa começou a pulsular no horizonte, projetando-se contra o céu que, segundos antes, estava azul-claro, e agora se tingia de um roxo profundo.

Uma massa escura e antiga materializou-se no centro da luz, uma enorme estrutura de pedra, adornada com símbolos rúnicos que Naruto nunca vira. No centro dessa estrutura, um buraco negro começou a se formar, não um vácuo, mas uma espiral de energia azul vibrante, tão brilhante que doía os olhos. As runas na pedra ao redor do portal começaram a brilhar em um rosa avermelhado, pulsando em sincronia com o buraco de luz.

O portal... a imagem era idêntica à que ele tinha visto em um livro antigo sobre lendas esquecidas, um desenho que ele havia descartado como fantasia infantil. Mas ali estava, real, imponente, com um caminho de pedras desgastadas surgindo do nada para levar diretamente a ele.

Um vento repentino, gelado e sem origem aparente, varreu o local. Naruto tentou se levantar, mas sentiu uma força magnética puxando-o, arrastando-o pelo chão em direção ao portal. Ele agarrou um tufo de grama, a terra escorregando por entre seus dedos.

"Não! O que... o que é isso?!" ele gritou, mas sua voz foi engolida pelo rugido crescente da energia do portal.

A figura de Minato e Kushina, seguida por Narumi e Menma, irrompeu da floresta, atraídos pelo fenômeno bizarro. Seus olhos se arregalaram em horror ao ver Naruto sendo arrastado.

"NARUTO!" Kushina berrou, uma bola de chakra vermelho-quente se formando em suas mãos, pronta para atacar o que quer que estivesse puxando seu filho. Minato tentou disparar seu Hiraishin, mas o espaço ao redor do portal parecia distorcido, impedindo seu jutsu.

"Naru! Irmão!" Menma gritou, correndo para frente, mas uma barreira invisível de energia repeliu-o. Narumi tentou um jutsu de ligação, mas a corrente de chakra se desfez antes de alcançar o irmão.

Naruto esticou a mão para eles, seus olhos cheios de medo, mas também de uma estranha, quase imperceptível, faísca de curiosidade. Ele sentiu o frio do portal se aproximando, o brilho azul engolindo-o.

Seus pais gritavam seu nome. Seus irmãos, por um instante, pareciam não mais condená-lo, mas temê-lo perder. Mas era tarde demais. Com um último suspiro, Uzumaki Naruto foi engolido pela luz, o portal se fechando atrás dele com um sussurro que parecia carregar o peso de um universo.

Ele era o vazio, o excluído. E agora, o vazio o levava para um lugar onde tudo poderia ser preenchido.