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Chapter 7 - ALBERTO PREPARA A MÁQUINA FOTOGRÁFICA

Os dias foram passando, as semanas, um mês, dois... Alberto já começava a achar que a única relação entre a morte de seu irmão e a de Clarence não era mais do que uma dupla coincidência. "O caso O'Shea continua na mesma." "A polícia incapaz de resolver o mistério", diziam os jornais. "Suspeita-se de um empregado da casa", anunciava outro. O fato é que Clarence tivera, uma semana antes de morrer, uma discussão acalorada com o cozinheiro, que o ameaçará de morte. Esse detalhe só veio à tona depois, através da arrumadeira.

Nada puderam provar contra o homem, entretanto. Apesar disso, ele permaneceu sob vigilância, pois ainda era suspeito. O inquérito na drogaria foi rigoroso. O farmacêutico que havia preparado a receita nunca ouvira falar de Clarence O'Shea e garantiu ter feito a fórmula com o mais rigoroso escrúpulo. Com mais de vinte anos de experiência, sua "folha de serviço" era a melhor possível.

Alberto voltou algumas vezes à casa de Cora, sempre acompanhado do Inspetor. Verônica, a princípio, mostrava-se esquiva, mas logo começou a corresponder ao amor do rapaz. Para ele, foi fácil se libertar de Rachel Saturnino; a moça tinha vários namorados e poderia consolar-se facilmente.

Alberto preparou a máquina fotográfica e se dirigiu a Mr. Graz, Verônica e Cora:

— Arranjem um grupinho aqui perto da escada e façam uma cara simpática.

— O quê? — perguntou a irlandesa, sempre meio surda.

— Repita a pergunta em linha enviesada — aconselhou Verônica em um sussurro. — Descobri que essa direção sopra um ventinho que vai direto ao ouvido dela. Não precisamos falar mais alto.

— O cavalheiro entre as damas, façam-me o favor — pediu Alberto, com um sorriso.

O suíço, Mr. Graz, tirou um pentinho do bolso, alisou os cabelos e ajeitou a pérola cinzenta da gravata, posicionando-se entre Cora e Verônica, dando o braço às duas. Ele estava radiante, sua expressão revelando um misto de nervosismo e alegria. A atmosfera, antes carregada, agora era leve, preenchida com risadas suaves e um ar de expectativa.

— Pronto... — disse Alberto, focando a lente. Quando a fotografia saiu, ele não pôde deixar de se surpreender. Verônica ficou tão linda naquele retrato, com um brilho especial no olhar, que Alberto decidiu fazer uma ampliação. Ele a carregava sempre na carteira, como um talismã, um lembrete constante do novo sentimento que começava a florescer entre eles.

Enquanto observava os rostos sorridentes na fotografia, Alberto percebeu que, mesmo em meio ao caos e à dor, havia momentos de beleza e esperança que valiam a pena ser capturados e lembrados.

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