No instante em que o coração de Lucius Caelum parou, o tempo pareceu hesitar.
A Terra girava indiferente — carros cruzavam avenidas, o vento soprava entre os prédios, e a humanidade seguia seu ciclo de pressa e esquecimento.
Mas algo em Lucius não aceitou o fim.
Sua alma, em vez de se dissipar no fluxo invisível da morte, permaneceu desperta.Ele não via, não ouvia, não respirava… e ainda assim existia.
Os segundos tornaram-se séculos. O corpo apodreceu, o planeta envelheceu, e a alma de Lucius flutuava entre o nada e o tudo, um fragmento consciente em um oceano de silêncio.
"O que é o fim?", perguntava-se, enquanto o tempo perdia significado.
Por eras incontáveis, vagou pelo vazio entre universos — onde estrelas nascem e morrem em um só pensamento, e onde até os deuses seriam pó.
Ali, aprendeu o que nenhum sábio humano compreendera:a alma é uma lei.Uma centelha que não se curva ao espaço, nem à morte.
Então, um dia, o vazio respondeu.
Um vórtice colossal abriu-se à sua frente — uma espiral de luzes e sons primordiais, que o chamavam como se o cosmos inteiro o desejasse.
A alma de Lucius foi tragada.
Planos se desdobraram diante dele: mundos sobre mundos, realidades sobre realidades, leis sobre leis — e, entre todas elas, um universo cercado por dragões, deuses e soberanos.
Um universo chamado Panlong.
Quando despertou novamente, sentia algo impossível:o pulsar de um coração.
— Eu… nasci? — pensou, confuso.
Mas não era a Terra.O céu era azul de forma sobrenatural, e o ar vibrava com energia elemental.
Dentro de si, ele sentiu um espaço vasto e silencioso — um mar interior de luz onde fragmentos de almas antigas pareciam dormir, esperando serem compreendidos.
E, junto disso, sete cores fluíam por suas veias espirituais — fogo, água, vento, terra, luz, trevas e relâmpago — harmonizadas de forma impossível.
Lucius Caelum havia renascido como uma alma mutante.
O mundo o veria como um simples humano.Mas o destino havia gerado algo que nem os deuses poderiam prever:
um homem que questionaria as próprias leis da criação.
Pois sua alma não buscava poder…Buscava compreensão.
E, através dessa busca, ele ergueria algo jamais visto em todo o Continente Yulan —uma Guilda, onde a força não seria herdada, mas cultivada através de sonhos e laços.
O vento soprou, e o mundo se moveu.
O nome de Lucius Caelum ainda era desconhecido.Mas o universo acabara de receber um novo ponto de origem.
