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Chapter 5 - Capítulo 4 - Entre Raios e Sombras

A chuva cessara há pouco. O céu, ainda coberto por nuvens de chumbo, deixava escapar apenas faixas pálidas de luz, que atravessavam as folhas encharcadas e faziam cintilar o orvalho preso nos galhos.Lucius estava sentado ao lado de uma pequena fogueira. O fogo não aquecia apenas o corpo, mas o espírito — uma lembrança viva de que ainda estavam vivos, apesar de tudo.

Friaren dormia próxima dele, respirando de forma irregular. Seu corpo ainda reagia ao excesso de energia do despertar. A aura elétrica que antes crepitava ao redor dela havia sumido, mas o ar à sua volta ainda vibrava de leve, como se o mundo a reconhecesse de outra forma agora.

A alguns passos de distância, o jovem lobo Aurus repousava com o focinho entre as patas, o pelo prateado com manchas escuras agora coberto de fuligem e lama. Em seus olhos cerrados havia algo novo — uma presença diferente, mais consciente.

Lucius observou o trio em silêncio. O vento trazia o cheiro de terra molhada e folhas queimadas. Ele fechou os olhos e se concentrou, deixando a percepção da alma se expandir.A floresta respirava. Ele podia ouvir o pulsar distante das criaturas, o tilintar leve da energia natural correndo entre os troncos.

Foi nesse silêncio que ele sentiu pela primeira vez — o fluxo do Douqi.

Era como se algo dentro dele, há muito adormecido, começasse a se mover. Uma vibração tênue surgia nas veias, nas juntas, no centro do abdômen. Um calor fraco, porém constante, que parecia responder à sua vontade.

"Então é isso..." pensou. "O poder do corpo. O outro caminho para a força."

Ele ajustou a respiração, lembrando-se das memórias fragmentadas que absorvera de guerreiros mortos. Movimentos simples, repetitivos, focados em canalizar o ar, a tensão e o relaxamento.Não havia técnica formal ainda — apenas instinto e curiosidade.Mas, para alguém como Lucius, o instinto bastava.

O fluxo percorreu seu corpo devagar, como um rio tateando o próprio leito. A energia se acumulava no centro do peito e voltava para os braços, depois para as pernas, em ciclos.Com o tempo, a sensação se tornava mais clara. A cada respiração, um fio sutil de força se condensava.Era quase imperceptível, mas real.

De repente, uma voz suave o tirou do transe.

"Você vai ficar assim o dia todo? Parecia uma estátua."

Lucius abriu os olhos. Friaren estava acordada, os cabelos bagunçados e a expressão calma, quase indiferente.Ela se sentou devagar, olhando para o fogo.

"Eu estava cultivando.""Cultivando? Você fala isso como se fosse uma planta.""De certo modo, é parecido. O corpo precisa de raízes firmes antes de dar frutos."

Friaren o encarou por um instante, avaliando a seriedade em seu tom."Raízes, hein? Acho que eu queimei as minhas ontem."

Lucius deu uma risada curta, sincera — uma das poucas desde que chegara àquele mundo."Talvez só tenha podado o excesso. As plantas crescem mais fortes depois disso."

Ela desviou o olhar, fingindo desinteresse, mas o leve rubor nas bochechas denunciava algo diferente."Você fala coisas estranhas, Lucius Caelum."

Ele deu de ombros."Talvez. Mas o mundo que me trouxe até aqui é mais estranho ainda."

Por um momento, o silêncio voltou. O fogo crepitava baixo, e apenas o som das gotas caindo das folhas quebrava a monotonia.

Aurus ergueu a cabeça, seus olhos âmbar refletindo as chamas.Lucius o observou atentamente e percebeu algo.O lobo não apenas olhava — ele entendia.

A energia ao redor da besta havia mudado. Antes, era selvagem e bruta. Agora, fluía com certa harmonia, como se algo dentro dele estivesse se organizando.Lucius estendeu a percepção da alma e sentiu dois fluxos distintos: o do vento, leve e veloz, e o das trevas, denso e profundo, como o sussurro de um abismo distante.

"Vento e trevas..." murmurou."Ele é especial?" perguntou Friaren, notando seu olhar.Lucius assentiu."Sim. Uma besta mágica de dupla afinidade. Vento para o movimento, trevas para a ocultação. Ele está no nível de uma besta de duas estrelas... mas seu potencial é muito maior."

Friaren se aproximou do lobo, ajoelhando-se ao lado dele."Ele sobreviveu, assim como nós. Acho que já é o bastante por enquanto."

Lucius sorriu."Sobreviver é o primeiro passo para aprender. Depois vem o viver."

"E depois o quê?"

"Depois vem o motivo."

Ela ficou em silêncio. Havia algo hipnotizante na forma como Lucius falava — uma calma que parecia vir de alguém que já vira o infinito e retornara.Para Friaren, ele era um mistério, e ao mesmo tempo, uma âncora.

Lucius se levantou e olhou para o céu. As nuvens começavam a se dispersar, e uma nesga azul surgia ao leste.O ar cheirava a renovação.Ele inspirou profundamente, sentindo o Douqi circular com mais fluidez em seu corpo. Ainda era fraco, mas vivo.

"Friaren," disse ele sem virar o rosto, "você sentiu o poder dentro de você ontem, não foi?"Ela hesitou, lembrando-se do caos, da dor, da sensação de ser engolida pela própria energia."Senti. Mas era como... se algo quisesse me devorar de dentro pra fora.""Então aprenda a devorar de volta.""...Como assim?""O poder é uma fera faminta. Se você fugir dele, ele te engole. Se encará-lo, ele te obedece."

Ela franziu o cenho, pensativa."Você fala isso como se fosse simples.""Não é. Mas é o único caminho."

A conversa terminou ali. O silêncio voltou a dominar o pequeno acampamento, enquanto o fogo se apagava devagar.Lucius voltou a se sentar, fechando os olhos novamente. Desta vez, não apenas sentia o Douqi — ele o ouvia.Era como o som distante de um tambor, marcando o ritmo da vida.

Friaren observou por um momento e depois se deitou novamente, olhando o céu cinzento.Ela pensou em seu poder, no relâmpago que quase a matou, e nas palavras dele.Talvez, no fundo, fosse mesmo isso: parar de fugir.

Aurus levantou-se, aproximando-se dela, e repousou a cabeça em seu colo. O toque suave da fera a fez sorrir — um sorriso breve, mas real.Ela passou a mão no pelo do lobo e, por um instante, tudo pareceu em paz.

Lucius abriu os olhos de novo, fitando os dois com um olhar sereno."Vamos descansar hoje. Amanhã seguimos o curso do rio. Se as memórias que absorvi estiverem certas, há uma aldeia a dois dias de caminhada."

Friaren apenas assentiu."E lá faremos o quê?""Viver."

O vento soprou leve, levando consigo as últimas brasas da fogueira.O som do rio ao longe parecia uma canção antiga, uma melodia que falava de recomeços.

E pela primeira vez desde que chegara àquele mundo, Lucius sentiu algo próximo de esperança.

O sol filtrava-se por entre as copas da floresta, pintando o chão com luzes douradas que dançavam a cada brisa. O cheiro de terra úmida ainda pairava no ar, e os sons da natureza se misturavam ao farfalhar dos passos leves sobre a relva.Lucius seguia à frente, o cajado improvisado apoiado no ombro, enquanto Aurus caminhava logo atrás, atento a cada ruído. Friaren vinha por último, o olhar sereno, observando a paisagem.

"Você anda tão concentrado que parece estar medindo o chão com o olhar," comentou ela, com um leve sorriso.

"De certa forma, estou," respondeu Lucius, sem se virar. "Cada passo muda o fluxo do Douqi. Se eu aprender a senti-lo no movimento, talvez consiga estabilizar o corpo mais rápido."

Friaren arqueou uma sobrancelha. "Você realmente fala como um velho sábio preso num corpo de criança."

Lucius riu baixo. "Talvez eu seja só uma criança tentando parecer um sábio."

O riso deles ecoou suave entre as árvores. Por alguns instantes, o mundo parecia simples. Só o som dos pássaros, o vento nas folhas e o ritmo de seus passos.

Desde o incidente com o relâmpago, Friaren percebia algo diferente no ar ao redor de Lucius — um magnetismo sutil, uma energia viva, quase vibrante. Mas ele seguia tranquilo, com a calma de quem aprendeu cedo demais o peso da força.

"Você sempre pensa tanto assim?" perguntou ela, depois de um tempo.

"Penso para não esquecer quem sou."

"E quem é você?"

Lucius parou, observando uma gota escorrer de uma folha até o chão."Alguém tentando entender o significado da existência... antes que o mundo me force a lutar por ela."

Friaren ficou em silêncio. Aquelas palavras eram profundas demais para um menino, mas em Lucius soavam naturais, como se o tempo em sua alma corresse em outro ritmo.

"Você é estranho, Lucius Caelum," murmurou, e ele respondeu com um sorriso sereno.

De repente, Aurus parou à frente. O lobo baixou o corpo, rosnando baixo. Seus olhos lupinos miravam algo entre as sombras.

Lucius se abaixou, tocando o chão. O fluxo sutil de energia ao redor havia mudado — fraco, mas presente."Há algo ali," disse ele, em voz baixa.

Friaren estreitou os olhos. "Posso sentir também. É pequeno, mas rápido."

Um farfalhar repentino soou, seguido de um estalo. De entre as árvores, um bando de pássaros carmesins voou baixo, cortando o ar em um turbilhão de penas vermelhas.

Aurus preparou-se para atacar, mas Lucius levantou a mão."Calma. Eles não são ameaça... ainda."

Um dos pássaros mergulhou, atraído pela energia mágica que permeava o ambiente. O reflexo foi instantâneo: os olhos de Lucius brilharam em azul pálido e sua mão descreveu um movimento sutil no ar.

Crack.

Um raio estreito, quase invisível, riscou o espaço e atingiu o pássaro. O animal caiu no chão, o corpo apenas levemente chamuscado, inconsciente, mas vivo.

Friaren o observava, surpresa."Você conseguiu conter o poder do relâmpago nesse nível... sem causar dano fatal?"

Lucius olhou para os próprios dedos, onde ainda havia um leve formigamento."Minha alma é forte o suficiente para controlar a magia com precisão. Não é sobre quanta energia eu tenho... mas o quanto posso moldar sem perder o foco."

"Então, a precisão vem da alma?"

"Sim," respondeu, olhando o pássaro despertar e voar novamente. "Um mago comum libera o poder bruto. Um mago com uma alma poderosa o guia. Eu apenas conduzi a energia — como quem segura a rédea de um cavalo selvagem."

Friaren sorriu suavemente, com aquele olhar tranquilo que raramente mudava."É admirável. Mas ainda assim... perigoso."

"Todo poder é," disse Lucius, olhando para o céu. "O que muda é a intenção."

Ela ficou em silêncio por um instante, absorvendo aquelas palavras. Depois, com um leve tom de humor, comentou:"Você fala como se tivesse cem anos, mas tropeça como um garoto."

Lucius soltou uma risada sincera. "Talvez eu seja as duas coisas."

O trio seguiu em frente. A floresta começou a rarear, e o som distante de um rio chegou até eles. Friaren observava as nuvens, enquanto Aurus corria adiante, desaparecendo entre os arbustos.

"Estamos perto da estrada," disse Lucius. "Se as memórias do guerreiro que absorvi estiverem certas, há uma aldeia a dois dias daqui, seguindo para o leste."

"Então estamos mesmo saindo da floresta."

"Sim."

"Vai sentir falta?"

Lucius pensou por um instante."Um pouco. Aqui o silêncio era puro. Lá fora... o silêncio costuma esconder dor."

Friaren sorriu de leve. "Então vamos fazer barulho."

Ele a olhou de lado e riu. "Acho que prefiro o som da sua calma."

Por um breve momento, o mundo pareceu leve. Três figuras — um garoto de olhar profundo, uma menina com espírito introspectivo e um lobo de olhos negros — caminhando sob a luz dourada, entre o fim da floresta e o começo da estrada.

Mas o vento mudou.Trouxe o cheiro de ferro, fumaça... e desespero.

Lucius parou, os olhos se estreitando. Aurus ergueu o focinho, inquieto.

"Há algo errado," disse ele em tom baixo.

"O que sente?" perguntou Friaren.

"Almas... muitas. Cansadas. E algumas... partidas."

No horizonte, uma coluna de poeira subia. O som de rodas, correntes... e vozes humanas se misturava ao vento.

"Uma caravana," murmurou Lucius.

"De comerciantes?"

"Não." O olhar dele escureceu. "De escravos."

O ar ficou denso. O som distante de chicotes ecoou, e Friaren sentiu o peito apertar.Lucius respirou fundo — e uma centelha azul brilhou entre seus dedos.

O poder da alma vibrou dentro dele, tão controlado quanto o trovão antes da tempestade.

"Friaren," disse ele, com voz calma, "acho que está na hora de ver o que significa... usar o poder por escolha, não por instinto."

Ela o observou em silêncio, e então assentiu com leveza."Então... vamos libertá-los."

...

O som das rodas e correntes ficou mais nítido conforme se aproximavam. O vento carregava o cheiro de ferrugem e medo. Friaren mantinha o olhar atento, enquanto Aurus rosnava baixo, o corpo tenso.

Lucius caminhava à frente, os olhos fixos no caminho adiante — não com raiva, mas com uma calma profunda, quase melancólica. Ele já havia visto sofrimento nas memórias que herdara, mas vê-lo com os próprios olhos... era diferente.

Logo, os primeiros vultos surgiram entre a poeira: uma caravana de madeira reforçada com barras de ferro. Dentro dela, pessoas acorrentadas, magras, os rostos marcados pela resignação.Os guardas — uma dúzia de homens armados — riam alto, arrastando os prisioneiros como gado.

Friaren parou, o cenho franzido."Eles são humanos como nós... e fazem isso com os próprios."

Lucius respirou fundo."O poder que não conhece propósito... inevitavelmente destrói o que deveria proteger."

Aurus deu um passo à frente, o pelo arrepiado. Lucius pousou a mão em sua cabeça."Espere o momento certo."

Ele então caminhou até o meio da estrada, sozinho. A poeira subiu ao seu redor, e os mercadores de escravos o notaram.

"Ei, moleque!" — um dos homens gritou. — "Sai da frente se quiser viver!"

Lucius parou e ergueu o olhar."Vocês chamam isso de vida?"

Houve um silêncio breve, confuso, seguido de gargalhadas."Olha só, o garotinho quer brincar de herói!"

Friaren observava de longe, o vento movendo seus cabelos prateados. Sabia que Lucius não estava agindo por impulso. Havia calma em cada passo — e uma tristeza contida, antiga, que se manifestava em cada palavra.

Lucius estendeu o braço. Um leve tremor percorreu o ar. O som do trovão, suave e distante, ecoou como um sussurro.

"Eu não vim brincar."

O chão vibrou.Um raio azul riscou o espaço — rápido, preciso — e atingiu o guerreiro mais próximo. Ele foi arremessado para trás, o corpo convulsionando antes de cair desacordado.

Os outros recuaram, assustados."É um mago!"

Lucius baixou a mão lentamente. "Deixem essas pessoas e saiam."

O líder, um homem alto com armadura de couro e cicatriz no rosto, soltou um riso grave."Um moleque e uma menina acham que podem nos enfrentar?" Ele fez sinal, e cinco homens avançaram.

Lucius fechou os olhos por um instante. Sentiu o fluxo de Douqi percorrer o corpo — quente, firme, pulsante. Seu controle era limitado, mas o suficiente.

O primeiro golpe veio de cima. Lucius desviou, o corpo movendo-se com leveza quase instintiva. Ele girou o bastão e, com o Douqi canalizado, atingiu o inimigo no peito.O som seco do impacto ecoou — o homem foi arremessado, batendo contra uma árvore.

Outro veio por trás. Friaren ergueu as mãos, conjurando uma pequena rajada de vento para desequilibrá-lo. Lucius aproveitou o movimento, descrevendo um arco no ar com o bastão — e uma descarga elétrica percorreu a madeira, atravessando o corpo do oponente.

A cada ataque, o chão tremia um pouco mais. O relâmpago não rugia — sussurrava, contido pela precisão da alma.

Mas havia muitos.

Um dos guerreiros arremessou uma lança. Lucius mal teve tempo de reagir, mas Aurus saltou — um borrão negro atravessando o ar. O lobo o interceptou, as presas cravando-se na garganta do atacante.

"Boa, Aurus!" — gritou Friaren, lançando uma pequena esfera de ar comprimido que atingiu outro homem, fazendo-o cair de joelhos.

O líder avançou com a espada desembainhada. Era mais forte — guerreiro de nível cinco, pela densidade do Douqi que exalava.Lucius sentiu o perigo antes do golpe vir. O mundo pareceu desacelerar.

A lâmina desceu — e ele ergueu o bastão, canalizando o Douqi para fortalecer os músculos. O impacto foi brutal; o bastão partiu-se ao meio. O golpe o lançou alguns metros para trás, mas ele rolou no chão e se levantou, o olhar firme.

"Interessante..." murmurou o líder. "Tem Douqi e magia... Você é o quê, afinal?"

Lucius respirou fundo. O relâmpago começou a envolver seu corpo como fios sutis de luz."Alguém que aprendeu... que há momentos em que não lutar é o mesmo que matar."

O céu trovejou.

O líder atacou de novo — rápido, letal. Mas Lucius moveu o corpo com precisão, o Douqi guiando cada passo. Ele desviou da lâmina por centímetros e, no mesmo instante, uma descarga elétrica explodiu de sua mão, atingindo o peito do inimigo.

O homem gritou, o corpo tremendo antes de cair.

Lucius permaneceu imóvel por um momento. O ar estava pesado. A poeira, misturada à fumaça e ao cheiro de ozônio, girava ao redor.Seus olhos refletiam um misto de tristeza e determinação.

Friaren se aproximou lentamente. "Está tudo bem?"

Ele olhou para as próprias mãos. Tremiam levemente."Não sei. Nunca é simples... quando se sente o que o poder faz."

Ela assentiu, em silêncio.

Os sobreviventes fugiram, deixando as carroças para trás. Lucius caminhou até elas, observando as pessoas libertadas. Eram dezenas — magros, feridos, exaustos. Mas foi um grupo em especial que chamou sua atenção: uma mulher jovem, talvez com vinte anos, e duas meninas gêmeas, de cabelos dourados e olhos cor de âmbar.

Elas olhavam para ele com um misto de medo e esperança.

Lucius se ajoelhou diante delas."Vocês estão livres agora."

A mulher hesitou. "Quem... quem é você?"

"Alguém que não suporta ver correntes."

Os olhos dela se encheram de lágrimas, mas ainda havia desconfiança.

Friaren se aproximou, sorrindo gentilmente. "Podem confiar nele. Ele não gosta de aprisionar ninguém... nem os pássaros."

A mulher respirou fundo. "Meu nome é Lyara. Essas são minhas filhas, Nira e Naya."

Lucius inclinou levemente a cabeça. "Sou Lucius. Este é Aurus, e ela é Friaren. Estamos indo para o leste, em busca de uma aldeia. Venham conosco."

Lyara hesitou. "Não temos nada para oferecer."

Lucius a olhou com calma. "Tem algo mais valioso do que poder ou ouro. Experiência... e vontade de proteger. Cuide de nós, e cuidaremos de vocês."

Ela o observou por um longo tempo — e então assentiu."Tudo bem... Lucius Caelum."

O sol se punha no horizonte, tingindo o céu de vermelho. A estrada agora seguia livre.Lucius caminhava na frente, o olhar distante. Atrás dele, Friaren conversava baixinho com as gêmeas, enquanto Aurus rondava atento.

Lyara seguia por último, observando o pequeno grupo.Havia algo neles — uma calma estranha, como se o destino os tivesse reunido por um propósito que nem mesmo compreendiam ainda.

E pela primeira vez em muito tempo... ela sentiu esperança.

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