Voltei para o ano de 1982 e não acreditei quando vi, bem na minha frente… ele. Estava mais jovem, com a aparência de um adolescente — assim como eu. Era o meu pai.
Junto a ele, outros quatro garotos parados, discutindo o básico: quem iria falar comigo primeiro.
Fiquei impressionado. O que estava diante de mim era inacreditável. Então me belisquei. Forte.
— Isso é real…? — sussurrei para mim mesmo. — Não pode ser um sonho!
O lugar também não ajudava a manter a sanidade. Havia cartazes de filmes por toda parte, carros com alto-falantes gritando propagandas, jovens com fitas cassete, alguns carregando rádios nos ombros. Grupos de motociclistas radicais passavam por nós. Panfletos políticos voavam no ar. E as roupas?
— Mas que bregas… — pensei, confuso. — Onde eu estou? Como vim parar aqui?
Foi quando ouvi um grupo de jovens, parecendo procurar por alguém.
— Você disse que ele estaria aqui nos esperando! — reclamou um deles, ajeitando os óculos.
— O festival já vai começar! Let's just—! — disse outro, impaciente.
— Mas que demora! — resmungou o da guitarra nas costas, com ares de estrela do rock.
— Olha, tem aquele garoto ali… tá encarando a gente. Quem sabe se não é ele? — comentou outro, apontando discretamente.
— Lee Seung Gi, presta atenção e vai lá, conversa você — ordenaram.
Ele veio até mim e, assim que tentou dizer algo, soltou um leve suspiro surpreso:
— Appa? Sou eu…
O garoto me olhou, desconcertado. Depois se virou para os outros com uma expressão de "esse cara é meio louco" — e todos começaram a rir.
— Awesome! — exclamou um deles, com brilho nos olhos.
Não entendi muito bem. Era gíria dos anos 80. Quem vai entender?
— Wanjeon… esse cara só pode ser maluquinho — resmungou um, visivelmente sem paciência.
Na minha cabeça, só conseguia pensar: Ele não vai me reconhecer. Ele é só um adolescente dos anos 80… com aquele cabelo ridículo e roupas bregas. Isso é tão cringe.
— O que você disse? Appa? — debochou o da guitarra, mas com um tom descontraído.
— O festival de outono já vai começar e vocês estão discutindo besteira?! Cadê o cara que nós marcamos de encontrar aqui na avenida? Só falta ele pra completar o grupo. Não vai dizer que deu mancada… Você organizou tudo certinho, não é? — perguntou, irritado, ajeitando a guitarra nas costas.
O garoto dos óculos se aproximou e declarou:
— Cara, não vamos mais perder tempo. Nós nos apresentaremos sozinhos. Nós é suficiente!
Todos concordaram. Já se preparavam para sair dali. Em desespero, percebendo que estava mesmo em 1982 — e sem ter pra onde ir — me agarrei ao meu pai, em sua versão adolescente, e comecei a lamentar.
Vi que um deles segurava um panfleto do Rookie Singing Contest — basicamente, um show de talentos.
— Eu canto! Eu danço! Me deixem ir com vocês, pai… — implorei, quase fazendo drama.
Ele riu, sacudindo os pés.
— Daebak! É o Michael Jackson na avenida?!
Era verdade. Michael Jackson estava no auge. Quando me virei pra procurar o som, eles já estavam correndo e me deixando para trás.
Corri atrás deles. Pelo caminho, vi profetas nas esquinas, revistas voando, jovens em protesto, cartazes e bandeiras ao vento. Um caos maravilhoso.
Em meio à bagunça, ao barulho, à música e às danças… estávamos correndo ao som que dominava aquela época.
Corríamos ao Som de beat it.