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Chapter 15 - Capítulo 15 – A Fenda e o Chamado

O som do aço ecoava no campo vazio. A cada golpe, Ryujin avançava como um vendaval, forçando meus braços, meus limites, minha respiração.

— Concentre-se! As katanas não são armas. São partes do seu corpo. Da sua alma! — ele gritou.

Saltei para trás, girando a lâmina prateada. A negra vibrou em meu punho, respondendo ao meu ódio, ao meu foco. Era como se algo dentro de mim gritasse para sair.

Velka observava de longe, atenta. O vento carregava poeira, e a tensão se tornava quase sólida.

Então, o mundo... estremeceu.

O chão rachou sob meus pés. O ar ficou denso, sufocante. Um zumbido insuportável encheu meus ouvidos. Ryujin tentou se mover — mas parou, como se o tempo o congelasse.

Velka gritou meu nome.

Mas eu já não estava ali.

Uma fenda se abriu no espaço, uma brecha negra e pulsante como uma ferida viva. Tentou me engolir.

E eu fui.

Caí.

Ou fui puxado.

O mundo ao meu redor distorceu-se — as cores, o som, o tempo. Tudo era dor. Tudo era distorção.

E então, silêncio.

Eu estava de pé em um campo sem chão. Céu e terra eram a mesma coisa. Edifícios flutuavam em ruínas ao redor. Correntes presas ao vazio dançavam como serpentes.

E à frente...

Ele.

Caos.

Vestia um manto feito de sombras que se moviam como fumaça viva. Seus olhos eram dois sóis mortos. Sorria como quem conhece o final de toda história.

— Finalmente, príncipe.

— O que você quer de mim?

— Nada... ainda. Só queria olhar nos olhos daquele que carrega o que era meu.

Ergui as espadas.

Ele riu.

— Vai me enfrentar aqui? Neste lugar onde sou rei, deus, tudo?

— Não. Vou te enfrentar onde você sangrar.

Corri.

Ele esperou.

Nossas lâminas se chocaram por um instante — e a realidade estalou. O impacto gerou ondas que destruíram o que havia ao redor. Senti a força dele me atravessar como uma lança invisível. Fui lançado contra uma parede de nada.

Tossei sangue.

Ele caminhou até mim, calmo.

— Você tem algo que não entendo — ele disse, tocando minha testa com um dedo gelado. — Resistência. Esperança. Amor.

Ele cuspiu a palavra como veneno.

— Tudo isso... eu destruí em mim. E destruirei em você.

A fenda se abriu novamente, atrás de mim.

— Volte. Por enquanto.

— Isso é um aviso?

— Não. É um presente.

Caí de novo.

Desta vez, de volta ao mundo real.

Ryujin me segurou antes que eu batesse no chão. Velka correu até mim.

— Akira! O que aconteceu? Você sumiu!

— Ele me chamou... Caos me puxou pra ele.

— Ele te feriu?

— Não como você pensa.

Olhei para minhas mãos. As katanas brilhavam com algo novo. Uma chama púrpura viva.

E dentro de mim... algo havia sido tocado. A besta. O rei adormecido.

Ele havia despertado.

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