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Chapter 15 - O Que Me Fizeram Esquecer

O carro ainda seguia em alta velocidade, e o homem misterioso ao lado de Jiwon parecia inquieto.

— Você está bem? — Disse, inclinando-se na direção de Han Jiwon.

Assustada e aflita, ela ainda tentava entender o que estava acontecendo. Em prantos, observou o homem ao seu lado — ele usava uma máscara e um boné pretos, mas seus olhos... pareciam estranhamente familiares. Foi então que ela viu: Ele estava sangrando.

Ela suspirou, enxugou as lágrimas rapidamente e se moveu, tentando ver melhor o ferimento.

— Você está sangrando! — exclamou, preocupado.

— Não é nada — respondeu ele, afastando-se um pouco.

— Pode me explicar quem é você e o que está acontec... — Antes que ela terminasse a frase, ele retirou a máscara.

Jiwon ficou boquiaberta.

— Você? Por que... — As palavras simplesmente não saíam.

À sua frente estava Park Seojun, o antigo professor substituto de sua escola, que ela não via há mais de 4 anos.

Ele a encarou em silêncio por alguns segundos. Era agora ou nunca. O reencontro que ele imaginou por anos estava ali, mas completamente diferente do que sonhara.

— Estamos quase chegando. Vou te explicar tudo em breve — disse ele, com a voz calma, embora ainda tenso.

O carro então saiu pela estrada principal e entrou por um portão largo, seguindo por uma estrada de terra cercada por árvores altas e bem cuidadas. Aos poucos, o cenário urbano ficou para trás, dando lugar a um campo aberto, como uma fazenda.

Jiwon, ainda com o coração acelerado, olhou pela janela, encantada. O lugar era lindo. Campos verdes se estendiam até onde a vista alcançava, flores silvestres balançavam suavemente com o vento, e ao fundo, ela viu uma construção imponente surgir.

Uma mansão.

Ela arregalou os olhos. A estrutura era moderna, mas cercada pela natureza, como saída de um filme. Seu olhar voltou para Park Seojun, confusa.

Será que isso tudo é dele? — Disse-se em silêncio.

Ao descer do carro, ainda com o coração apertado e os olhos marcados pela tristeza, Jiwon mal consegue processar tudo o que está acontecendo. Os funcionários se curvam respeitosamente à medida que passam pela entrada da mansão.

Logo, uma mulher — que Jiwon já havia visto ao lado de Park Seojun — surge apressada na direção a eles. Um leve incômodo, talvez ciúmes, atravessa o peito de Jiwon, que se sente desconcertada ao vê-la se aproximar com uma expressão aflita.

— Meu Deus! Você está bem? Seojun, você está sangrando! — exclama a mulher, envolvendo-o com o braço, oferecendo apoio junto com o motorista. Ambos ajudaram Seojun a subir, levando-o até um dos quartos e chamando o médico da família.

A mulher então se volta para Jiwon, segura suas mãos com delicadeza e pergunta:

— Você está bem? Pode vir comigo?

Sem saber o que responder, Jiwon apenas assente, lançando um último olhar para Seojun, que mesmo com o semblante tenso, inclina a cabeça num gesto de aprovação, como se dissesse: Pode confiar .

A mulher a conduz até a cozinha, onde serve um copo d'água.

— Aqui, tome um pouco. — diz com gentileza.

— Obrigada. — responde Jiwon, ainda confusa, antes de arriscar uma pergunta:— Pode me dizer o que está acontecendo? Quem… quem é você em relação ao senhor Park Seojun?

A mulher sorri com leveza e balança a cabeça, como se tivesse esperado aquela pergunta.

— Sou Park Haejin, irmã dele. — diz com um sorriso tranquilo nos olhos.

Jiwon sente o rosto esquentar de vergonha por ter imaginado algo diferente. Ao mesmo tempo, um alívio silencioso percorre seu peito — mesmo que ela ainda não compreendesse totalmente seus sentimentos.

— Vou te mostrar seu quarto. Tome um banho e descanse esta noite. Amanhã, vocês podem conversar com calma.

Enquanto sobem a escada, cruzam com o médico da família, que acaba de sair do quarto de Seojun.

— Ele está bem — diz o médico com um tom tranquilizador. — Foi apenas um ferimento superficial. Mas seria bom deixá-lo descansar por hoje.

Park Haejin enviou e voltou para Jiwon:

— Esse é o Dr. Kim Taehyun. Ele é o médico da nossa família há muitos anos.

— E o motorista? — pergunta Jiwon, referindo-se a aquele que ajudou a salvar.

— Ah, ó Sr. Han Byungsoo. Ele está conosco desde que éramos pequenos.

Ao chegar ao quarto, Park Haejin abre a porta e sorri gentilmente:

— Descanse, Jiwon. Amanhã conversaremos melhor.

A porta do quarto fecha suavemente atrás de Park Haejin, deixando Jiwon sozinha. A luz suave do abajur ilumina o ambiente acolhedor, mas dentro dela o frio da incerteza e do medo ainda pulsa. Ela senta na beira da cama, mãos trêmula.

"O que está acontecendo? Por que tudo isso está acontecendo comigo?" — Pensou, com o coração apertado.

Seus pensamentos voam imediatamente para os tios. Onde estariam agora? Estariam bem? Ela nem teve tempo de ver se estavam vivos antes de ser arrastada para aquela casa. Sentia-se culpada por ter ido embora sem lutar por eles, sem saber ao certo se estavam seguros ou em perigo.

Deitada na cama macia, Jiwon virou-se de lado, abraçando o travesseiro com força. O silêncio do quarto contrastava com o turbilhão dentro dela. Sua mente insistia em voltar ao que deixara para trás — não apenas seus tios, mas também... Minjae.

"Onde está Minjae?" — pensou, o coração apertando no peito.

Ela se lembrou de que naquela manhã ele parecia estranho. Mas jamais imaginou que aquele seria o último momento em que o veria. Durante toda a confusão, durante o momento em que foi arrastada para o carro, não o viu em lugar algum. Ele estava em casa? Teria fugido? Teria sido ferido?

"E se ele...?" — Ela engoliu seco, recusando-se a terminar o pensamento.

— "Eu só queria que tudo voltasse a ser como antes." — sussurrou no travesseiro, os olhos marejando.

Mas não havia mais volta. O passado parecia tão distante agora. E a presença de Park Seojun — tão repentinamente, tão misteriosa — trazia mais perguntas do que respostas.

"Quem é Park Seojun, afinal? Por que ele apareceu naquele momento? Como sabia que eu corria perigo? Por que arriscaria a própria vida por mim?" — a imagem dele tirando a máscara ainda estava viva em sua mente. O antigo professor substituto, agora tão diferente, mais sombrio, mais determinado. Aqueles olhos... havia dor ali. Dor e algo mais que ela ainda não sabia identificar.

Jiwon fecha os olhos, mas o sono não vem facilmente. Apenas o silêncio da noite e as perguntas sem resposta a acompanham. Uma coisa, porém, ela sabia: A sua vida parecia cheia de segredos, e Park Seojun era a chave para todos eles.

Jiwon estava quase dormindo. As pesadas pesadas, o corpo finalmente se rendendo ao cansaço, quando, de repente…

— Princesinha… Lembra de mim?

A voz é tão clara, cortante, como se estivesse ao pé do seu ouvido.

Ela abriu os olhos num salto, o coração disparando no peito. Sentou-se na cama com um pulo, ofegante. As mãos tremiam, apertava o lençol enquanto ela olhava em volta, tentando entender o que havia acabado de acontecer. Era um sonho? Uma lembrança? Ou… uma ameaça?

"Aquela voz..."

Seu estômago se revirou. Era a mesma voz do homem mascarado. O homem que apareceu, ameaçou e destruiu tudo ao seu redor. Será que… ele sabia quem ela era?

"Como ele me chamou… princesinha?" — sussurrou para si mesma, o pavor crescendo.

Seu coração batia tão forte que parecia que ia pular do peito. Mil pensamentos começaram a girar dentro de sua cabeça. E se... ela não sabe quem era de verdade? E se sua vida fosse construída sobre uma mentira?

"E se os pesadelos de infância não fossem sobre o acidente dos meus pais?"

Uma lembrança borrada passou diante de seus olhos — fogo… gritos… mãos a arrancando de um lugar escuro… e olhos. Olhos tão frios quanto a morte.

"E se meus pais não morreram em um acidente? E se… alguém os tirou de mim?"

Ela levou as mãos à cabeça, tentando conter o caos que se formava dentro dela. Estava tudo tão confusa. Seu coração implorava por respostas, mas uma parte dela temia o que descobriria.

A única certeza era que nada mais fazia sentido.

E, pela primeira vez, Jiwon sentiu que estava muito mais envolvida nessa história do que jamais imaginou.

O sol da manhã atravessava a cortina clara, mas sua luz parecia distante diante do caos que tomava conta do peito de Jiwon. Ela havia passado a noite se revirando na cama, mergulhada em pensamentos, assombrada pela voz que ecoou em sua mente e pelas perguntas que não têm fim.

Ela havia chorado em silêncio, escondida no travesseiro, tomada por medo, dúvida... e preocupação.

Minjae... Seu coração aperta ao lembrar dele. "Onde ele está? Ele estava em casa... por que não apareceu? Será que está bem?"

O pensamento de que ele pudesse ter se machucado doía. Apesar de não poder responder aos sentimentos que ele nutria por ela, Jiwon o amava como um irmão. Sempre estiveram juntos. 

Levantou-se devagar, os pés descalços tocando o chão frio do quarto delicado. Caminhou até a janela e abriu a cortina. A paisagem do lado de fora era linda, tranquila, quase como uma pintura... Mas dentro dela, tudo estava em guerra.

Precisava de respostas.

Ela se arrumou às pressas, lavou o rosto tentando apagar as marcas de uma noite péssima, mas o cansaço ainda estava ali, os olhos fundos e ombros pesados.

Ao sair do quarto, encontrou o Sr. Han Byungsoo no corredor, como se já a esperasse.— Bom dia, senhorita Han Jiwon — disse ele com sua voz serena e educada.

— O senhor Park Seojun pediu que a levasse até ele assim que acordasse. O coração dela acelerou. Era hora de entender.

O mordomo com um leve sorriso, fazendo um gesto com a mão para que o siga.

Enquanto caminhava pelos corredores amplos da mansão, Jiwon se preparava. Ela não sabia se estava pronta para o que ouviria… mas estava decidida a descobrir quem realmente era — e por que parecia ser a chave de algo muito maior do que imaginava.

Jiwon foi guiada até uma grande porta dupla de madeira escura. O Sr. Han Byungsoo parou diante dela e bateu levemente.

— Senhor Park, a senhorita Han Jiwon está aqui.

Uma voz do outro lado respondeu:

— Pode deixar-la entrar, Byungsoo. Obrigado.

O mordomo abriu a porta e fez um leve gesto com a cabeça, permitindo que Jiwon entrasse. Ela respirou fundo e deu os primeiros passos para dentro.

O quarto era amplo, com uma grande janela deixando a luz do sol invadir o ambiente. Park Seojun estava sentado em uma poltrona, vestindo uma camisa de linho clara, o braço esquerdo enfaixado, o olhar perdido na paisagem lá fora.

Ao notar sua presença, ele se virou, e seus olhos se suavizaram ao vê-la.

— Dormiu bem? — Disse, com um sorriso gentil, mas visivelmente cansado.

Jiwon não respondeu imediatamente. Caminhou até ficar diante dele e cruzou os braços, tentando manter a firmeza mesmo com o coração batendo acelerado.

— Não. Não dormi bem. Tive uma noite horrível, Seojun. — Seu tom era firme, mas não hostil. — Preciso que me diga a verdade. Tudo. Por que me salvou? Como você sabia que eu estava em perigo? Quem é aquele homem que atacou minha família? E... o que você sabe sobre mim que eu não sei?

Park Seojun respirou fundo, como se pesasse cada palavra que ainda estava por dizer. Seus olhos, até então suaves, agora trazem uma sombra de dor e urgência.

— Você não se lembra mesmo? — Disse, sua voz baixa, quase como um sussurro.

Jiwon franziu a testa, confusa, e assentiu lentamente. 

— Do que eu deveria me lembrar? — indagou, sentindo o coração apertar no peito. — E por que... por que eu não consigo me lembrar?

Seojun a fitou em silêncio por alguns segundos. Então desviou o olhar para o chão, apertando levemente os dedos sobre o apoio da poltrona. Por fim, suspirou e apontou para a cadeira à frente dele.

— Sente-se, Jiwon. Está na hora de você saber quem realmente é... e o que está acontecendo agora.

O silêncio se instalou entre os dois. Um silêncio tão denso que parecia gritar.

Jiwon sentiu um arrepio percorrendo sua espinha. As batidas do coração ecoarem nos ouvidos.

“Estaria preparada para ouvir o que viria a ser dito?”, perguntou-se Jiwon, sem saber se queria mesmo descobrir.

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