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Chapter 18 - O Reencontro

Com a ligação de Jiwon, Minjae não perdeu tempo. Partiu imediatamente com Kang, pediu para ser deixado no local e fosse embora. O coração acelerado e a mente tomada por pensamentos desconexos — entre o alívio e a inquietação.

A localização foi enviada por Seojun. E ainda que fosse o certo a se fazer, para ele, foi como entregar algo valioso de mais para alguém.

Seojun observou o rosto delicado de Jiwon. Linda, mesmo com a tristeza que tentava disfarçar. Seu coração pesava como chumbo. Sabia dos sentimentos de Minjae por ela e isso o deixava inseguro, Medo de perdê-la mais uma vez.

Jiwon, constrangida com a tensão no ar, agradeceu por ele ter permitido que ela falasse com Minjae.

Seojun apenas assentiu, mas sua voz baixa, quase num sussurro cansado:

— Você... vai embora com ele?

A pergunta caiu como um peso entre os dois. Jiwon sentiu o estômago revirar. Uma dúvida cresceu como um nó em seu peito. Havia algo ali que a prendia... Algo que não era medo, nem culpa. Era um sentimento novo.

— Eu preciso voltar... — respondeu por fim. — Preciso descobrir mais sobre mim, voltar aos meus estudos, tentar recuperar meus objetivos perdidos... Eu estou para me formar. Preciso da minha vida de volta... Preciso aprender a viver por mim mesma.

Seojun respirou fundo, engolindo o que queria dizer de verdade. Em vez disso, estendeu a mão para ela, seus olhos marejados, mas firmes.

— Eu admiro a sua força, Jiwon. Com tudo o que aconteceu... você não se deixou abater.

Ela segurou a mão dele, e nesse toque... foi como se uma onda morna percorresse seu corpo. Um conforto silencioso. Um abrigo diferente.

Foi então que a porta se abriu com um estalo. Um dos funcionários da casa anunciou a chegada, mas nem precisou dizer o nome. 

Minjae entrou. Parou ao vê-los de mãos dadas.

Seu rosto endureceu. Os olhos se estreitaram. Uma expressão amarga e contida de ciúmes preencheu seu semblante, mas ele se manteve firme. Em dois passos rápidos, atravessou o cômodo, puxou Jiwon num abraço apertado, quase desesperado — E beijou sua bochecha com força, como se marcasse território.

Seojun, parado ao lado, ficou sem reação. O coração afundou. Estava desconcertado, enciumado.

Jiwon, tomada por um choro súbito, enterrou o rosto no peito de Minjae.

—Sinto muito, pelos seus pais. 

Minjae não disse nada. Só continuou abraçando-a, com os olhos fechados e os punhos cerrados, como se quisesse que aquele momento congelasse no tempo.

Haejin surgiu no corredor, observando a tensão. Aproximando-se de Seojun, e num sussurro gentil mas firme, pediu: 

— Vamos deixá-los a sós, oppa... Eles precisam conversar.

Seojun não respondeu. Apenas assentiu, com um olhar vazio. Seguiu com Haejin para fora da sala, como se estivesse sendo arrastado somente pelos pés.

Minjae não queria soltar Jiwon. Depois de tantos dias sem saber se ela estava viva, agora ela estava ali — real, respirando, nos braços dele. Mas ela, com os olhos marejados, afastou-se suavemente, apoiando as mãos sobre os ombros dele encarando-o com ternura.

— Como você está? — perguntou, a voz embargada de emoção — Você parece... tão cansado.

Minjae respirou fundo. Seus olhos vagaram por ela, como se ainda estivesse tentando acreditar que a tinha de volta.

— Estou melhor agora... agora que estou vendo você.

Eles se sentaram no sofá, lado a lado. Mas minjae não soltava suas mãos, como se temesse perdê-la de novo.

—Jiwon... — disse, quase num sussurro — me conta... como você está? Como ele.. o senhor Park Seojun, como ele te salvou? " Eu deveria ter sido o homem que te protegeu... não ele". — Pensou como se algo o tivesse matando por dentro.

Jiwon apertou suas mãos com mais força, tentando acalmá-lo.

— Minjae, respira. Eu tô bem. Muito bem agora.

Ele assentiu devagar, mas os olhos ainda ardiam com uma mistura de ciúmes, frustração e gratidão. 

Jiwon se ajeitou no sofá, ajeitando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

— Espera só um pouquinho... Eu vou chamar o Seojun. Ele pode te explicar tudo melhor que eu.

Ela se levantou. E, ao mencionar o nome de Seojun tão informalmente, Minjae franziu o cenho, inquieto.

— “Seojun”? — ele repetiu, a voz baixa e cortante. — O que tá havendo entre vocês dois?

Jiwon parou, surpresa pela pergunta direta. Ela ainda não tinha se dado conta de que estava tratando Park Seojun de forma tão informal.

— Nada. Somos amigos. Ele me contou tudo sobre mim, sobre meu passado e como seu pai foi um herói para mim.

Minjae ficou em silêncio. Por dentro, o pânico crescia. Ela sabia. E, mesmo assim, ainda estava ali, falando com ele. Mas ele não teve coragem de dizer que também sabia. Tinha medo de afastá-la.

— Espera aqui. Eu vou chamá-lo.

Ela virou-se para sair, mas antes que pudesse dar um passo completo.

Seojun entrou ao lado de Haejin.

— Jiwon — disse Haejin, com um sorriso contido. — Vamos dar um tempinho para os dois conversarem?

Ela assentiu, olhando de um para o outro. Seojun evitou o olhar de Minjae, mas este não desviou. Havia um desconforto palpável entre os dois, uma eletricidade silenciosa que tomava conta do ambiente. Jiwon sentiu, no mesmo instante, o clima pesar.

Ela hesitou, mas seguiu com Haejin, deixando-os ali.

Minjae e Seojun estavam frente a frente. E, embora nenhum dos dois dissera nada de imediato, ambos sabiam: aquela conversa não seria fácil — nem leve. Mas era necessária.

Minjae e Seojun se encaravam como se pudessem se atacar apenas com os olhos. Nenhuma palavra ainda tinha sido dita, mas o silêncio entre eles gritava mais do que qualquer acusação.

Seojun foi o primeiro a se mover, sentando-se em uma das poltronas de couro, cruzando os braços. Seus olhos mantinham a firmeza de quem já sabia o que viria a seguir.

Minjae, sentado no sofá, os punhos cerrados ao lado do corpo.

— Como sabia que ela corria perigo? — perguntou Minjae, direto, sem rodeios, sem máscaras.

Seojun respirou, preparando-se.

— Eu a conheço desde pequena — começou, a voz firme. — Desde antes de tudo isso acontecer. Eu soube quando descobri que seu pai... — ele hesitou por um instante — ...tinha envolvimento com aquele grupo. Quando vi uma foto dela, eu soube imediatamente que precisava encontrá-la.

Minjae desviou os olhos por um segundo. A confirmação de que Seojun era um garoto do passado o corroía por dentro. Um outro homem. Um outro olhar. Um outro gesto que ela poderia guardar na memória, mesmo que ainda não se lembrasse.

Seu maxilar travou.

— Engraçado... — disse, com a voz seca. — Meu pai confiou em você. Te contou tudo. Mas a mim, seu próprio filho, não disse uma palavra. Eu... que fui criado para protegê-la... Eu é que fui deixado no escuro.

Seojun franziu o cenho. "Como assim criado para protegê-la?" Pensou.

— É isso que tá te deixando com essa expressão? Raiva do seu pai?

Minjae o encarou com uma sinceridade dura, sem filtros.

— Raiva por ter sido excluído. Raiva de não ter estado com ela quando ela mais precisava. Raiva... de saber... — Parou de falar Minjae, como alguém que cala para não falar demais.

— Você se aproximou dela na escola. Fingiu ser apenas um professor substituto. Não foi sincero, Seojun.

O silêncio se instalou como uma faca cravada entre os dois.

— Mas... — Minjae continuou — eu sou grato. Você a salvou. E por isso, eu te agradeço. Mas a partir daqui... — ele deu um passo à frente — a responsabilidade é minha.

O coração de Seojun apertou como se alguém o tivesse socado por dentro. A dor de mais uma vez ser afastado dela, como no passado, voltou com força. Mas ele se manteve firme.

— Quem tem que decidir é Jiwon —disse com calma, mas com convicção. — Ela não é mais nenhuma garotinha. Ela sabe o que quer. Sabe se impor. E sabe ser determinada.

— Discordo — rebateu Minjae, com um sorriso enviesado. — Você não vai conseguir afastá-la de mim. Eu prometi ao meu pai que sempre a protegeria. E é o que vou fazer.

Seojun respirou fundo. Por dentro, um ciúmes feroz rugia como uma fera presa. Mas ele sabia que perder o controle agora não ajudaria Jiwon em nada. E por ela... ele seria capaz de engolir o próprio orgulho.

Levantou-se. Olhou nos olhos de Minjae. E estendeu a mão.

— Então vamos fazer um acordo. Pelo bem dela. Deixamos que Jiwon escolha com quem quer ficar. Sem manipulações. Sem pressão.

Minjae olhou para a mão estendida. Um sorriso surgiu no canto de sua boca. Mas não era de gratidão. Era de cálculo.

"Essa vai ser fácil."

 Jiwon voltou à sala, os passos delicados ecoando pelo chão polido.

— Me desculpem por não ter apresentado antes... — disse, com um sorriso leve. — Esta é senhorita Park Haejin, irmã de Seojun.

Minjae se levantou e a cumprimentou com um leve aceno de cabeça.

— Prazer em conhecê-la, senhorita Park.

Haejin respondeu com um sorriso.

Antes que a conversa pudesse começar, a campainha tocou. A empregada abriu a porta, revelando um homem alto, de expressão confiante e roupas casuais.

— Yohan! — exclamou Seojun, com um brilho nos olhos. — Finalmente!

Era o detetive Han Yohan, amigo de longa data de Seojun, que havia passado os últimos meses viajando a trabalho fora do país.

Seojun foi ao seu encontro e o abraçou com força. O puxando para dentro, animado. — Entre, sente-se, temos muito o que colocar em dia!

— Só dei uma passada rápida, estou com pressa — disse Yohan, olhando em volta com atenção. — Mas queria ver você.

— Então, pelo menos deixe-me apresentá-lo.

Seojun fez as devidas apresentações, e ao cumprimentar Jiwon, Yohan sorriu com gentileza.

— Já a conheço — disse, com um brilho discreto nos olhos. — É bom vê-la bem.

Jiwon agradeceu, meio sem jeito.

Minjae, atento, manteve os olhos fixos em Yohan. O detetive mencionado por Seojun que havia ajudado nas investigações. O que esteve envolvido na busca por Jiwon.

Os olhares dos dois se cruzaram, carregados de um respeito silencioso... e desconfiança.

Enquanto isso, Haejin, um pouco mais afastada, olhava para Yohan com um brilho diferente nos olhos. Um sentimento guardado, escondido entre os gestos e o silêncio. Quando ele se virou e a viu, abriu um sorriso sincero.

— Haejin — disse, abrindo os braços.

Ela hesitou por um segundo, mas foi ao seu encontro. O abraço foi breve, mas intenso. Jiwon, observando, percebeu o clima e sorriu discretamente para a amiga, que corou.

Seojun acompanhou o amigo até a porta.

— Você precisa voltar. Temos muito o que conversar — insistiu, já sentindo a falta do amigo de confiança.

— Eu volto. Prometo.

Haejin os acompanhou, um pouco em silêncio, até a saída. Seojun se despediu do amigo e entrou para dentro da casa. Quando Yohan se virou para se despedir de Haejin, ela criou coragem.

— Como foi a viagem? — perguntou, tentando parecer casual.

— Foi... longa. Mas serviu pra pensar.

Houve uma pausa estranha entre os dois. Palavras não ditas pesavam no ar. Antes que ele pudesse continuar, Haejin se apressou:

— Melhor você ir. Está ficando tarde.

Ela virou as costas. Mas Yohan segurou sua mão, com firmeza e delicadeza ao mesmo tempo.

— Haejin...

Ela balançou a cabeça.

— Não agora. Ainda não é o momento.

Ele soltou a mão dela lentamente. Haejin retornou à casa, subindo direto para o quarto, o coração remexido, pulsando mais rápido do que gostaria.

Na sala, restavam apenas Minjae e Jiwon.

Ele a observava em silêncio, como quem media cada batida do próprio coração, esperando o momento certo para falar.

— A casa está em reforma — disse enfim, com a voz suave. — Fica pronta em dois dias. Você pode vir comigo agora... e ficamos no hotel até lá.

Antes que Jiwon pudesse responder, Seojun entrou pela porta.

— Bem... — disse, com um meio sorriso forçado. — Se a casa está em reforma, Jiwon pode ficar aqui o tempo que quiser.

Minjae manteve-se calmo, mas não recuou.

— Mas ela precisa continuar com os estudos — retrucou, estendendo a mão e segurando a dela com naturalidade.

— Isso não será necessário — disse Seojun, cortante. — Eu mesmo posso levá-la. 

O clima ficou denso. As palavras entre eles pareciam disfarçadas, mas afiadas como facas.

Jiwon, até então calada, observava os dois como se fossem personagens travando uma guerra particular. Respirou fundo, soltou a mão de Minjae e cruzou os braços com firmeza.

— Vocês estão esquecendo que eu estou bem aqui? — disse, séria. — Quem deve decidir isso sou eu.

Ambos se calaram diante da força inesperada de sua voz.

— E como a casa ainda está em reforma, vou ficar aqui por enquanto. Desde que eu possa continuar com minha rotina de aulas. Quando tudo estiver mais claro... eu mesma irei atrás das respostas. Sobre mim. Sobre meu pai.

Os dois assentiram, silenciosamente.

Foi então que Minjae arqueou uma sobrancelha, encarando Seojun com um meio sorriso provocador.

— Já que Jiwon vai ficar aqui, acredito que o nosso querido antigo professor substituto não se incomodaria se eu ficasse também, né?

Seojun estreitou os olhos.

— E por que não continua no hotel?

Minjae apenas sorriu, desafiador.

Jiwon lançou um olhar sério para Seojun, como se pedisse que não transformasse tudo em uma disputa. Ele entendeu. Respirou fundo e cedeu.

— Estou brincando... claro que pode. Temos quartos sobrando.

O silêncio que se instalou logo depois era mais alto que qualquer grito. Um campo de batalha silencioso havia sido armado ali mesmo, diante de Jiwon.

Os olhares de Minjae e Seojun se cruzaram novamente. Não como adversários declarados... mas como dois homens que sabiam, intimamente, que apenas um teria o direito de ficar.

E enquanto ambos desviavam os olhos, cada um para um lado, Jiwon encarou o próprio reflexo no espelho da sala.

Algo em seu olhar havia mudado.

E sem que nenhum dos dois percebesse, ela murmurou baixinho, como se prometesse a si mesma:

— Nunca mais serei apenas uma escolha entre dois caminhos... eu vou criar o meu.

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