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Chicago!

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Chapter 1 - Prólogo

Leste de Nova York

O armazém estava silencioso. Onde antes havia gritos, tiros e resmungos agonizantes, agora havia apenas o som de minha respiração.

Eu estava sentado, pernas cruzadas, meus dedos acariciavam os cabelos de Brenda. Meus olhos estavam fechados. O cheiro de pólvora, sangue e merda se espalhava pelo ar.

Passos soaram. Meus olhos se abriram. Ao meu redor era um caos. Um homem estava ao meu lado sem braços ou pernas, apenas seu tronco e cabeça, uma katana enfiada no topo de seu crânio, empalando-o ereto no chão.

Eu estava ali, meu Armani preto delineando as linhas do meu corpo, um par de Beretta's M92X em coldres sob a axila. Meu distintivo pendurado em minha cintura.

Olhei ao redor da sala, corpos desmembrados, cabeças espalhadas, o chão coberto de sangue e coisas que preferia não nomear.

Enquanto eu olhava ao redor, os passos lá fora pararam. Olhei para as portas do armazém. Segundos depois, elas explodiram. Um grupo da SWAT invadiu, armas pesadas em punho.

Eles eram profissionais, movendo-se com precisão, seus passos cronometrados. Mas eles também eram humanos. No momento em que entraram e viram o que estava ao redor, hesitaram.

Foi apenas meio segundo, talvez menos, mas sua hesitação custou tudo. Eu podia ver alguns deles tremendo, alguns olhando ao redor como se estivessem diante de um monstro.

"Largue as armas, se afaste dela e deite no chão!" gritou a primeira pessoa a entrar.

Minha cabeça se voltou para aquele que falou. O homem travou. Eu sorri, meus dedos ainda deslizando pelos cabelos de Brenda.

"Isso não vai acontecer. Agora recuem, meu comandante chegará em breve." falei devagar, meu tom indiferente.

"Ele disse pra soltar a porra das armas! Se afaste da mulher e deite de bruços!" gritou um deles, maior que os outros, uma M240 apontada para mim.

A equipe da SWAT se moveu, dando um passo à frente. Algumas de suas armas tremiam.

"Se afastem. Se derem mais um passo, vocês irão se arrepender." meu tom era lento, frio, meus olhos se fecharam.

Eles estavam certos. Eu era um monstro. Havia entrado para a polícia aos vinte anos. Nos sete anos que se passaram, me tornei membro da divisão de crimes graves da polícia de Nova York.

Fui promovido a detetive. Brenda era minha parceira. Nós dois trabalhávamos duro, caso após caso, nos esforçando pelo sucesso. Brenda ganhou o apelido de "gênio estratégico", sempre criando bons planos. Quanto a mim, eu era os músculos. Em pouco tempo, fui chamado de "o açougueiro de Nova York". Meu nome era temido — seja por bandidos nas ruas ou por meus próprios colegas policiais. Entre os detetives, eu era invejado, mas me dava bem com todos, embora eles evitassem me irritar.

Mas nada disso importava. Eu tinha Brenda: minha amiga, parceira, a mulher que eu amava e pretendia me casar.

Agora eu não tinha mais nada. Esses malditos haviam sequestrado Brenda enquanto ela se dirigia ao shopping com outra policial. Fora de serviço, elas nunca tiveram chance. Quando notei seu desaparecimento e a rastreei até aqui, era tarde demais. Minha noiva e amiga estava morta.

Seus captores me encaravam com sorrisos debochados, mas isso não durou muito.

No momento em que me reconheceram, o terror tomou conta de seus rostos. Mas era tarde demais para eles. O massacre que promovi neste lugar era apenas o começo.

Mais passos soaram e um verdadeiro exército de policiais entrou pela porta, todos com uniformes da NYPD. Eles entraram com fogo nos olhos, caras de fúria e justiça — mas seus olhares não duraram.

No momento em que viram o que estava ao redor, os mais fracos se dobraram e vomitaram, os mais rápidos se viraram e correram para fora. Os mais corajosos empalideceram, seus dedos tremendo com as armas em punho.

Eu observava tudo isso indiferente, meus dedos deslizando pelos cabelos castanhos de minha noiva. Seu rosto gentil parecia adormecido. Eu estava prestes a fechar os olhos quando o clique de saltos informou uma nova chegada — saltos agulha batendo contra o piso de forma lenta e composta.

Sapatos sociais a seguiam — um par de saltos, oito pares de sapatos e botas. Meus olhos se ergueram. Lá estava minha equipe.

Minha superior direta caminhava à frente: Amanda Brown, uma mulher bonita, chegando aos sessenta anos, com quase quarenta dedicados à polícia.

Ela havia me recebido na unidade, me apresentado a Brenda — seria nossa madrinha de casamento. Amanda me encarou; seus olhos se arregalaram ao olhar para Brenda. Então, ela encarou a carnificina ao redor.

"Sumam daqui, todos vocês!" Amanda falou em um tom frio, sua voz mordaz.

Todos se voltaram para ela e congelaram. Se eu era o açougueiro de Nova York, Amanda era a rainha da cidade. Ninguém a desafiou. Todos os policiais ao redor pareciam prontos para obedecer, até mesmo gratos por fazê-lo.

Eles correram rapidamente para fora do armazém. Amanda olhou para eles, então caminhou em minha direção, ajoelhando-se ao meu lado e me abraçando.

"Desculpe, filho. Nós chegamos tarde." murmurou ela. Olhei em seus olhos, minha dor refletida ali.

"Reis é o responsável... " falei, apontando para o corpo empalado ao meu lado.

Amanda encarou o corpo indiferente, seus olhos tão frios que causariam medo no próprio diabo.

"Não me importa quantos sejam, eu quero cada membro do cartel de Reis nesta cidade morto. Vocês têm até depois de amanhã, quando enterrarmos Brenda!" falou em um tom baixo, mas cada membro da unidade se virou, seus passos ecoando pelo salão enquanto partiam para cumprir o que foi dito.

"Aaron, levante-se. Precisamos cuidar de você agora, querido." falou ela, seu tom novamente gentil. Ao mesmo tempo, os legistas chegaram, mesmo eles empalidecendo com a cena ao redor.

"Cuidem da agente Moore primeiro, depois limpem esse lixo!" comandou ela, e um par de legistas veio até mim.

Os encarei com aquele brilho frio e os vi tremer, mas eu não iria incomodar pessoas inocentes. Coloquei gentilmente a cabeça de Brenda no chão, então me ergui e estendi a mão. Amanda acariciou o rosto de Brenda, depois pegou minha mão estendida. Saímos dali.

Nossos olhares frios e insensíveis, tão semelhantes que parecíamos mãe e filho, mesmo sem qualquer parentesco. Saímos daquele matadouro e nos encontramos nas ruas dos subúrbios de Nova York. Cada policial por quem passávamos nos encarava, então abaixava a cabeça.

Pelos dias seguintes, Nova York se tornou um matadouro. A fúria de minha unidade e a resposta dos policiais em apoio tornaram as ruas um inferno para traficantes.

Eu cuidei do velório e enterro de Brenda, então pedi uma pausa de minhas funções.

Nos seis meses seguintes, revivi meus últimos anos. Eu amava essa cidade, mas tudo o que eu amava aqui estava marcado por lembranças de Brenda. Eu precisava deixar esse lugar — pelo menos por alguns anos. Eu nunca a esqueceria, mas precisava que essas lembranças e dores ao menos se atenuassem.

Agora aqui estava eu, Aaron David Specter. Vinte e oito anos, um metro e noventa e dois de altura, ombros largos, braços fortes com músculos abaulados, um rosto com traços firmes, barba cheia mas bem feita, cabelos castanhos claros e curtos, um par de olhos castanhos frios e queixo quadrado e forte.

Quase uma década antes, eu havia ganho uma bolada na loteria. O prêmio de dois milhões havia sido usado em investimentos que, agora, uma década depois, me davam mais dinheiro do que eu podia gastar.

Eu usava um terno cinza sob medida, o tecido macio se ajustando às curvas do meu corpo com perfeição. Eu era bonito, chamava a atenção das mulheres, tinha dinheiro suficiente para uma vida de luxos — mas, no momento, nada disso me interessava.

Peguei minha carteira, ajustei meu relógio e peguei as chaves do carro. Desci para a garagem e o motor da Ferrari rugiu para a vida. Meia hora depois, eu estava em um dos restaurantes mais exclusivos da cidade. À mesa estavam meu irmão mais velho, Harvey — um dos melhores advogados da cidade —, minha chefe Amanda e um homem de rosto sério e olhar firme, com porte distinto.

"Senhores, desculpem pelo atraso!" falei ao me aproximar, minha voz calma.

"Sem problemas, querido. Acabamos de chegar!" Amanda se levantou e me deu um abraço carinhoso. Harvey veio em seguida, me dando um abraço.

Então me virei para o homem desconhecido. Amanda estava ao seu lado.

"Aaron, esse é meu velho amigo James Cameron. Ele é o superintendente de polícia da cidade de Chicago."

"Senhor Cameron, é um prazer conhecê-lo!" apertei sua mão com firmeza.

"Igualmente, senhor Specter. Amanda falou muito sobre você." respondeu ele, o olhar curioso.

"Amanda tende a exagerar... e me chame de Aaron. Harvey ali é quem deve ser chamado de senhor Specter, o grande advogado!" brinquei, recebendo um revirar de olhos de Harvey.

"Mas digam, do que se trata esse convite surpresa?" olhei ao redor da mesa.

Era estranho ter meu irmão e Amanda no mesmo lugar, principalmente se não fui eu quem convidou.

Amanda olhou para Harvey, depois para Cameron. Seu olhar, por fim, focou em mim.

"Um tempo atrás você me disse que queria sair daqui. Honestamente, eu não quero te perder, mas Harvey concorda que essa cidade não é o melhor lugar para você."

"Cameron é um velho amigo. Ele assumiu como superintendente da cidade de Chicago e está montando uma nova divisão, mas precisa de ajuda" por isso me procurou, e eu te indiquei.

Amanda olhou para Cameron, e o homem assentiu.

"Amanda me falou sobre suas circunstâncias. Sinto muito por sua perda, Aaron." disse ele em tom formal.

"Dito isso, o Departamento de Polícia de Chicago está criando uma divisão especial chamada Divisão de Inteligência. Eu apoiei a criação dessa divisão, porém algo fugiu ao meu controle.

A divisão foi dada a Hank Voight. Ele é um policial capaz, linha-dura e eficiente, mas pode estar sujo. Ele esteve preso, acusado de corrupção, porém nada foi adiante no caso — a testemunha principal acabou morta e, de repente, a corregedoria apoiava Voight!"

"Minha proposta para você, Aaron, é simples: você assumirá o vice comando da divisão. Não quero que traia ninguém, mas, se Voight for mesmo corrupto, coloque-o atrás das grades!

Você será promovido a sargento detetive, receberá sua própria sala de trabalho, assim como tinha aqui, e terá certa liberdade para agir."

"Mas, por favor, lembre-se: eu não sou Amanda. Embora seja o superintendente da polícia, não posso fazer o que ela faz por você aqui."

Olhei para James. Era uma boa proposta, me permitiria mudar de cidade e continuar desabafando em bandidos.

"Tudo bem, eu aceito." respondi, um leve sorriso nos lábios.

Pelo resto do jantar, falamos sobre coisas aleatórias: curiosidades sobre Chicago, que seria meu novo lar, entre outras.

Nos dias seguintes, me dediquei à mudança. Levaria apenas itens pessoais — roupas, joias, fotografias e pequenas coisas. O apartamento em Manhattan ficaria como estava, sob os cuidados de Harvey.

Meu irmão havia usado seus contatos e me conseguido uma bela casa às margens do lago Michigan. Era uma casa de dois andares, com uma ampla garagem para uma dúzia de carros, uma grande sala e uma cozinha arejada, um porão espaçoso, três quartos grandes e uma suíte com banheira.

Um quintal frontal bonito, o terreno cercado por grades de ferro. Nos fundos, uma área de lazer: churrasqueira, piscina e uma hidromassagem para oito pessoas. Mais abaixo, eu tinha um cais particular com acesso direto ao lago.

Embora fosse caro, o luxo e o conforto valiam a pena. Com a ajuda de Harvey, comprei o lugar, contratei uma decoradora profissional para cuidar da mobília e até comprei um pequeno barco para aproveitar as folgas no lago.

Duas semanas após aquele jantar, eu estava em Chicago. Minha nova casa estava decorada com sofisticação.

Minha sala de estar era bela — um piano de cauda no canto, sobre ele uma dúzia de fotografias de Brenda e eu. No canto oposto, um bar totalmente abastecido; depois, uma TV gigante, um par de sofás confortáveis e uma lareira para dias frios.

Minha decoradora havia sugerido pinturas, mas não me interessei por isso.

Naquele primeiro dia em Chicago, sentei-me no cais olhando o pôr do sol. Bebendo uma cerveja gelada, apreciava a vista e torcia por dias melhores.