Therys não gostava de brigas. Rhaziel as procurava.
Tinham cinco anos quando encontraram, pela primeira vez, um grupo de garotos mais velhos perto do rio. Um deles empurrou Rhaziel por pura provocação. O mais novo se levantou com os olhos faiscando. Literalmente. O cheiro de madeira queimada começou a se espalhar.
Therys tentou intervir.— Não vale a pena — disse baixo, puxando o irmão pelo ombro.
Mas Rhaziel se soltou. Avançou como um raio. Um soco, depois outro. As mãos brilhavam, quentes demais. A água do rio parecia evaporar em torno dele.
O garoto que começou tudo gritou, o medo no rosto. Antes que Rhaziel fizesse algo pior, Therys ergueu a mão e congelou o chão. A briga terminou com todos escorregando no gelo.
No fim, os irmãos voltaram para casa em silêncio.
O pai os observou, ajoelhado no alpendre.— Isso vai acontecer mais vezes — disse. — Vocês não podem usar o que têm assim, sem pensar.
Rhaziel encarou o chão. Therys também.
Naquela noite, ninguém dormiu bem.
E na manhã seguinte, o rio amanheceu coberto por uma camada fina de gelo, apesar do calor.