O silêncio que se seguiu à confissão dolorosa de Axton pairou entre eles como uma névoa densa, carregada de palavras não ditas e emoções reprimidas por anos. Robin o encarava, seus olhos azuis marejados, a máscara de sarcasmo e frieza finalmente rachada, revelando a vulnerabilidade que ela tão arduamente tentava esconder do mundo – e talvez, principalmente, de si mesma. As palavras de Axton ecoavam em sua mente, desenterrando lembranças de um tempo em que ela permitira que a esperança florescesse em seu coração solitário, uma esperança que a partida repentina dele havia esmagado, reforçando sua crença de que o abandono era seu destino inevitável.
Axton esperava, o coração batendo compassado contra as costelas, cada segundo de silêncio parecendo uma eternidade. Ele via a luta travada nos olhos de Robin, o conflito entre a dor do passado e a possibilidade hesitante de um futuro diferente. Ele sabia que havia depositado ali a parte mais vulnerável de si, expondo a profundidade de seus sentimentos e o medo constante de perdê-la para sempre para a sua busca implacável.
Lentamente, como se despertasse de um sonho profundo, Robin estendeu a mão, seus dedos hesitantes roçando a face de Axton. O toque, leve como o roçar de uma pena, enviou um choque elétrico através dele, reacendendo a chama de esperança que ele mal ousava manter acesa. Seus olhos se encontraram novamente, e desta vez, não havia raiva ou sarcasmo, apenas uma tristeza profunda e uma pergunta silenciosa.
"Você realmente... queria um lar para nós?" Sua voz era um fio, quase inaudível, carregada de incredulidade e uma ponta de anseio.
Axton segurou a mão dela, entrelaçando seus dedos, a firmeza de seu toque transmitindo a sinceridade de suas palavras. "Sempre quis, Robin. Um lugar onde pudéssemos ser apenas nós dois, longe do caos do mundo. Um lugar para onde você pudesse voltar, sabendo que eu estaria esperando. Eu nunca quis que você abandonasse seu sonho, apenas... que você soubesse que havia mais na vida além da busca pelo passado."
Lágrimas finalmente escorreram pelo rosto de Robin, trilhando caminhos brilhantes em meio à poeira e fuligem de suas longas jornadas. Era a primeira vez que Axton a via chorar daquela forma, uma torrente de emoções reprimidas jorrando finalmente. Ele levou a outra mão ao rosto dela, limpando as lágrimas com a ponta dos dedos, o coração apertado pela dor que via em seus olhos.
"Eu... eu não entendi," sussurrou Robin, a voz embargada pelo choro. "Eu pensei... eu sempre pensei que todos me deixariam. Que a solidão era meu único destino."
"Eu não sou 'todos', Robin," respondeu Axton, sua voz rouca de emoção. "Eu amo você. E nunca, jamais, te deixaria. Sabe, uma das razões pelas quais aceitei me juntar ao bando do Chapéu de Palha... era você. Eu sabia que, navegando pelos mares, as chances de te reencontrar aumentariam. E no meio daquele bando peculiar, eu vi a promessa de um lar, de uma família. Um lugar onde, quem sabe, um dia nós dois pudéssemos realmente pertencer."
As palavras pairaram no ar, carregadas de um peso imenso, a promessa silenciosa de um futuro diferente. Robin se inclinou, seus lábios encontrando os de Axton em um toque hesitante, quase frágil. Era um beijo carregado de dor e anseio, de perdão silencioso e da promessa hesitante de um novo começo.
Lentamente, a hesitação se dissipou, dando lugar a uma paixão avassaladora, reprimida por anos de distância e mal-entendidos. Era um beijo que falava de um amor profundo e resiliente, que sobrevivera à distância e à dor. Os braços de Robin envolveram o pescoço de Axton, apertando-o contra si como se temesse que ele desaparecesse novamente. O beijo se aprofundou, uma dança íntima de línguas e suspiros, a promessa silenciosa de cura e reconciliação.
O mundo ao redor deles pareceu desaparecer, a floresta exuberante se tornando um cenário indistinto para a explosão de emoções que os consumia. Axton a ergueu nos braços, e ela se aninhou contra ele, seus corpos se encontrando em um abraço apertado, buscando o conforto e a segurança que a proximidade do outro proporcionava.
Sem dizer uma palavra, Axton a levou para um pequeno recanto isolado na floresta, um leito macio de folhas caídas sob a sombra de árvores antigas. Ali, sob o olhar silencioso da natureza, eles se reencontraram em um nível mais profundo, a paixão que sempre existira entre eles finalmente florescendo sem as barreiras do medo e da desconfiança. Seus corpos se uniram em um abraço íntimo, cada toque, cada sussurro, cada olhar carregado da intensidade de um amor que sobrevivera à provação do tempo e da distância.
As horas se esvaíram, marcadas apenas pelos suspiros entrelaçados e os murmúrios de carinho. A luz do sol filtrou-se pelas folhas, aquecendo seus corpos unidos. Pela primeira vez em muito tempo, Robin se permitiu sentir a felicidade genuína, a sensação de pertencimento e segurança nos braços de Axton. Ele a amava com uma intensidade que ela mal ousava acreditar, e naquele momento, naquele refúgio isolado, ela permitiu que esse amor a envolvesse completamente.
O dia se esvaiu, dando lugar a uma noite estrelada. Axton e Robin permaneceram abraçados, trocando carícias suaves e palavras sussurradas, reconstruindo os fragmentos de um passado compartilhado e traçando os contornos hesitantes de um futuro juntos. A tensão que os havia separado parecia ter se dissipado, substituída por uma compreensão mútua e uma renovada promessa de confiança.
Na manhã seguinte, o sol da manhã banhou a clareira com uma luz dourada. Axton e Robin despertaram abraçados, um sorriso suave nos lábios de ambos. O peso do passado ainda pairava, mas agora era mais leve, atenuado pela reconciliação da noite anterior.
"Precisamos voltar," disse Axton, a voz rouca de sono e emoção. "Eles devem estar preocupados."
Robin aninhou-se mais perto dele, um brilho suave em seus olhos. "Eles vão ficar... surpresos." Um leve sorriso sarcástico curvou seus lábios, um sinal de que a velha Robin ainda estava ali, mas agora com uma camada adicional de ternura.
"Definitivamente," Axton concordou, beijando-lhe a testa. "Mas eu cuidarei de tudo. Você não precisa mais carregar esse fardo sozinha."
Eles se vestiram em silêncio, a atmosfera entre eles agora carregada de uma intimidade tranquila e uma compreensão tácita. A mão de Robin encontrou a de Axton, seus dedos se entrelaçando novamente, um gesto simples mas carregado de significado.
"Axton," começou Robin, sua voz agora firme e carregada de uma nova determinação. "Sobre o Século Perdido... é importante para mim. É a história do meu povo, a razão pela qual fui caçada por toda a minha vida."
"Eu sei, Robin," respondeu Axton, apertando sua mão. "E eu nunca te pediria para abandonar isso. Mas quero que saiba que você não está sozinha nessa busca. E que há mais na vida além disso. Há... nós."
Robin apertou a mão dele com mais força, seus olhos encontrando os seus com uma intensidade renovada. "Eu... talvez você tenha razão. Eu me fechei por tanto tempo... com medo de perder novamente."
"Você não vai me perder, Robin," prometeu Axton, sua voz firme e sincera. "Estarei sempre ao seu lado."
Um longo momento de silêncio se seguiu, quebrado apenas pelo canto dos pássaros na floresta. Era um silêncio carregado de promessas silenciosas, de um futuro incerto mas compartilhado.
"Há algo mais," disse Robin finalmente, sua voz agora séria. "Enquanto eu estava com Crocodile... eu descobri algumas coisas sobre Alabasta. Sobre os planos dele. E sobre... um certo Mr. 3 que está de olho em Little Garden."
Axton franziu a testa, a preocupação substituindo a serenidade do momento. "Mr. 3? O que ele quer com Little Garden?"
Robin explicou brevemente o que havia descoberto, a ameaça que pairava sobre os gigantes e a possível conexão com os planos de Crocodile em Alabasta. Axton ouviu atentamente, a gravidade da situação o atingindo.
"Precisamos voltar," repetiu ele, agora com urgência em sua voz. "E precisamos avisar os outros."
Juntos, de mãos dadas, Axton e Robin deixaram o refúgio isolado na floresta, os ecos de sua reconciliação silenciosa ecoando entre as árvores. O passado ainda os assombraria, mas agora havia uma nova esperança, um fio de luz em meio à escuridão, a promessa de um futuro compartilhado, construído sobre a confiança renascida e o amor resiliente que os unia. Os dois dias desaparecidos haviam sido um interlúdio de dor e reconciliação, um lembrete de que, mesmo nas profundezas do desespero, a possibilidade de um novo começo sempre existia. E agora, eles retornavam ao seu bando, não apenas como indivíduos, mas como um casal, prontos para enfrentar os desafios que os aguardavam, juntos.