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Chapter 27 - Capítulo 27 — O Oitavo Trigrama Move os Ventos e Nuvens

"Já virou ossos brancos, e ainda está vivo?"

O coração de Chen Shi deu um salto. Ele se esforçou para abrir os dedos do esquelético e alto cadáver que segurava a lamparina de bronze, agarrou-a com força e nadou para cima.

A lamparina parecia pequena nas mãos daquele esqueleto alto e magro, mas, nas de Chen Shi, era quase do seu tamanho — enorme e incrivelmente pesada.

Ele olhou para trás e viu o esqueleto despertar por completo, parecendo furioso. Mesmo restando apenas ossos, ele flexionou as pernas no fundo do rio e saltou, tentando persegui-lo!

Ouviu-se um estalo agudo — craque! — e um dos fêmures do esqueleto se partiu. O salto desviou de rumo, fazendo-o tombar para o lado.

Chen Shi, ao mesmo tempo em que se assustou, não conseguiu deixar de achar graça.

Os ossos daquele ser estavam cobertos de marcas de batalha — cortes de lâmina, amassados de impacto e até vestígios de queimaduras de feitiços.

Ele não podia usar força alguma; se o fizesse, os ossos danificados se quebrariam de vez.

Além disso, Chen Shi percebeu que algumas costelas estavam partidas, faltando pedaços que haviam se perdido em algum lugar.

Agora, com uma perna a menos, a criatura nadava como um sapo de três patas — uma visão cômica e grotesca.

Porém, mesmo assim, sua velocidade superava em muito a de Chen Shi!

Ele não ousou hesitar. Reuniu todas as forças que tinha e nadou em direção à superfície do rio. Enquanto se movia, pensamentos se agitaram em sua mente.

"O motivo de o esqueleto ainda estar vivo deve ser o mesmo que o meu — ele também atravessou do mundo dos vivos para o dos mortos, e por isso sua carne desapareceu, restando apenas os ossos.

"Essa lamparina de bronze provavelmente não era o tesouro da Velha Sha, mas sim dele!

"Se ela tanto desejava essa lamparina, deve ser algo extraordinário. Mas por que ela tinha certeza de que ela cairia no Rio Wangchuan? Certo… deve ter sido porque esse homem, gravemente ferido, caiu no rio junto da lamparina!

"Ela esperou nove anos porque não tinha certeza se ele havia morrido. Depois de tanto tempo, a ferida dele deve ter se agravado e ele acabou morrendo, por isso ela me mandou descer ao rio para buscar o objeto.

"Mas ela não esperava que, ao entrar no Wangchuan, ele perdesse a carne e virasse um esqueleto, curando-se de suas feridas fatais — incapaz, contudo, de sair do rio, preso num sono eterno."

Mal pensara nisso, quando viu inúmeras canoas surgindo na superfície, vindo de todas as direções.

Em cada uma delas estava uma figura alta e magra — os mesmos monstros!

O coração de Chen Shi disparou. Se subisse agora, seria capturado e devorado por eles!

Estava prestes a mudar de rumo quando o esqueleto perseguidor já se aproximava por baixo.

Segurando a lamparina com ambas as mãos, ele chutava a água com força, tentando se afastar, mas a criatura se aproximava rapidamente!

Acima, uma estrada de pedras azuis conectava o mundo dos vivos ao Wangchuan. No fim dela, a pequena e curvada silhueta da Velha Sha se erguia imponente sobre o altar.

Ao ver as canoas, seu coração se apertou.

"Droga… esses velhos inimigos chegaram rápido demais!"

Ela sabia que, se aquelas entidades tomassem o caminho, Chen Shi jamais conseguiria subir — seria capturado e devorado antes mesmo de aparecer.

Então, apertou os dentes e avançou pela estrada de pedra.

"Céu e Terra me geraram! O Sol e a Lua me iluminam! As montanhas e rios me guiam! Cem deuses me servem! O Yin e o Yang se unem em mim! O Senhor dos Ventos me conduz, o Cozinheiro Celestial me alimenta, as Nuvens Púrpuras me cobrem, os Remédios Divinos me curam!"

As vestes da velha agitavam-se violentamente, e uma voz retumbante ecoou ao redor.

"Eu cruzo o mar e entro pelos portões do céu! Desço o rio e alcanço as portas da Terra! Guiada pelo destino, nada me é negado, nada me é oculto!"

Um brilho divino a envolveu. O Sol e a Lua giraram sobre ela, o Yin e o Yang se entrelaçaram, uma nuvem púrpura formou-se como um manto, e símbolos sagrados se cruzaram, moldando um forno de oito trigramas em volta de seu corpo.

A chamada "Talisma de Proteção dos Oito Trigramas Supremos" era apenas uma versão simplificada de sua verdadeira arte — o Método Supremo dos Oito Trigramas!

A Velha Sha avançou para enfrentar as canoas.

"Pequeno Shi! Siga o som do meu tambor e volte!"

Um trovão ribombou, e relâmpagos iluminaram as profundezas do Wangchuan, revelando tudo sob o rio.

Chen Shi, tentando fugir do esqueleto, ergueu os olhos e viu — no alto — uma figura dourada, envolta em luz divina. Era como uma imperatriz celestial, poderosa e majestosa, enfrentando as monstruosas figuras das canoas!

O som do tambor ecoava, ritmado e cada vez mais rápido, vindo do mundo dos vivos — guiando Chen Shi de volta à superfície.

Vuuuum!

Um imenso símbolo de Oito Trigramas estremeceu, dividindo as águas e desequilibrando Chen Shi e o esqueleto.

O símbolo se ergueu das águas como uma montanha, esmagando uma das criaturas das canoas!

Do alto, a voz da Velha Sha retumbou: "Venham! Nove anos atrás, invadi o Submundo sozinha para roubar a alma de uma criança! Não temi vocês naquela época, e não temerei agora!"

Rooom!

Outro trigrama — o do Trovão — mergulhou na água e explodiu em relâmpagos, faiscando na superfície. O fogo do trigrama Li e os ventos do trigrama Xun se misturaram, enquanto Terra e Céu se colidiam — transformando o Wangchuan em um caos de luz, som e fúria!

As ondas violentas chacoalhavam tudo. Chen Shi e o esqueleto lutavam para se manter firmes, nadando apenas com ossos.

Ainda bem que Chen Shi, sendo um esqueleto, não precisava respirar — ou já teria se afogado.

"Ela é tão poderosa assim?"

Ele ficou atônito. Aquela velha camponesa, que parecia apenas viver de chamar espíritos para sobreviver, mostrava-se agora uma verdadeira força divina!

Ela havia aberto uma estrada entre os mundos e descido ao próprio rio dos mortos para resgatá-lo!

"Meu avô disse que, quando eu estava ferido, ela correu por toda parte para tentar recuperar minha alma..."

Chen Shi se deu conta — se ela já havia usado seu poder total naquela época, o espetáculo devia ter sido grandioso.

Mas ele não se lembrava de nada.

Toda a memória de dois anos atrás era um vazio.

Ele tentava nadar em direção à estrada azul, mas a corrente o arrastava de volta, cada vez mais forte, enquanto as canoas se multiplicavam, cercando a Velha Sha.

Mesmo com o Método dos Oito Trigramas, ela começava a fraquejar.

Os tambores soavam freneticamente — ela estava desesperada.

Chen Shi também ficou ansioso; o esqueleto atrás dele se aproximava mais e mais.

De repente, ele viu uma enorme peixe-ossos nadando contra a corrente — era o Grande Kun.

Sem hesitar, Chen Shi segurou a lamparina com um braço e agarrou a barbatana do peixe com o outro. Sentiu um puxão poderoso — o Kun o arrastava em alta velocidade!

Mas, logo, o peixe desacelerou. Chen Shi olhou para trás e viu o esqueleto agarrado à sua cauda, escalando rapidamente!

"Maldito espírito teimoso!"

Rosnando, Chen Shi passou a lamparina para as costas, prendendo-a com a corrente, e começou a subir pelas escamas do Kun.

O esqueleto era ainda mais rápido, e o corpo do peixe não era tão longo — logo o alcançaria.

Chen Shi escalava o dorso ossudo, agarrando as costelas, quase escorregando, até alcançar as guelras e se enfiar dentro.

O perseguidor tentou segui-lo, mas era grande demais — só pôde enfiar os braços, tateando às cegas.

Chen Shi recuou até a boca do peixe, desviando das garras afiadas.

As pontas dos ossos eram como lâminas; um toque bastava para parti-lo ao meio.

De repente, ele viu o anzol preso na garganta do Kun — o mesmo que o puxara ao entrar no rio.

Rapidamente, o arrancou e amarrou a corrente em seu braço direito esquelético, golpeando a mão do inimigo.

Mas o impacto o fez tremer até os ossos — uma dor lancinante o percorreu.

O esqueleto percebeu o golpe e agarrou em sua direção — quando, de súbito, uma luz azul-esverdeada inundou tudo, envolvendo Chen Shi, o esqueleto e o Kun!

Ao mesmo tempo, a estrada de pedra azul se despedaçou.

A Velha Sha, impotente, soltou um suspiro de tristeza e foi arrastada de volta ao mundo dos vivos.

Vuuuum!

O altar à beira do rio tremeu violentamente, e a Velha Sha reapareceu ali, exausta, sua energia caindo bruscamente.

A onda de energia arremessou os cinco Reis Fantasmas para trás, fazendo o altar ruir com um estrondo.

Mas ela permaneceu olhando fixamente à frente — o caminho azul havia desaparecido.

Seu corpo tremia; lágrimas escorreram por seu rosto enrugado.

Mais uma vez… ela falhara em salvar aquela criança.

Assim como antes.

De repente, o rio se abriu. Uma imensa peixe azul-negra saltou das águas, abrindo sua bocarra cheia de dentes — PUF! — e cuspiu uma sombra negra.

A sombra se expandiu no ar — era Chen Shi!

Ele trazia nas costas a lamparina de chifres de carneiro, ainda acesa, e segurava na mão uma corrente com um enorme anzol na ponta.

O anzol devia ter ficado preso na garganta do Kun, forçando-o a cuspir o rapaz.

Mas, preso nas guelras do peixe, havia também um ser com corpo humano e cabeça de cavalo — alto, magro, ensanguentado, com o corpo coberto de feridas e uma perna quebrada.

Era o mesmo esqueleto perseguidor — um guarda do Submundo, que, ferido, havia se escondido nas profundezas do Wangchuan para sobreviver.

Agora, tendo perdido a lamparina, ele o seguira até o mundo dos vivos, mesmo ferido quase até a morte.

Ao atravessar o limiar, assim como Chen Shi e o Kun, seu corpo recuperou carne e sangue — e, junto com isso, suas feridas começaram a se regenerar.

Mas dessa vez, estavam muito piores do que nove anos atrás.

O monstro de cabeça de cavalo rugiu, saltando com uma perna só, tentando recuperar a lamparina.

A Velha Sha ficou pasma, sem entender nada do que via.

Com um estrondo, Chen Shi pousou firmemente de joelhos dobrados.

Atrás dele, o Kun emergiu mais uma vez, abriu a boca e engoliu o monstro inteiro — POF! — antes de mergulhar novamente, levantando uma onda gigantesca.

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