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Chapter 5 - Capítulo 3 – Ecos de Tripulação

O Xeeksot navegava em direção ao leste, cortando as ondas com firmeza. O navio ainda era pequeno para os sonhos que carregava, mas já tinha ares de lenda em formação. No convés, Kaien treinava com o Solar Axe, girando a lâmina vermelha em movimentos lentos, como se dançasse com o vento. Kid, sentado sobre um barril, observava com um olhar entediado, mordendo uma maçã. Killer, como sempre, afiava suas lâminas em silêncio.

"Você nunca para, não é?" — disse Kid, cuspindo o caroço da fruta. "Um dia vai acabar rachando o navio inteiro com esse machado."

Kaien sorriu sem interromper o movimento. "Se o navio não aguenta o peso, não merece me carregar."

Killer ergueu os olhos por um instante, mas não disse nada.

Foi então que um disparo ecoou à distância. A bala passou a poucos metros do mastro e atingiu a água com precisão assustadora. Todos se viraram. No cais da pequena ilha que se aproximava, uma figura feminina segurava um rifle longo, apoiado no ombro.

"Vocês fazem barulho demais", gritou ela, com a voz firme. "Se querem navegar por essas águas, aprendam a não chamar atenção."

Kid riu alto. "Olha só, uma atiradora de sermões."

Kaien, no entanto, não riu. Seus olhos se fixaram nela. Havia algo diferente naquela mulher. Não era apenas a arma, mas a postura. A forma como ela segurava o rifle, como se fosse uma extensão do corpo.

Naquela noite, eles a encontraram na taverna da ilha. O lugar era escuro, cheio de marinheiros bêbados e piratas de segunda categoria. Ela estava sozinha em uma mesa, limpando o rifle com calma.

Kaien se aproximou. "Você atira bem."

Ela ergueu os olhos, frios e calculistas. "E você pesa demais. Quase afundou o cais com aquele machado."

Kid se jogou em uma cadeira ao lado. "Gostei dela. Tem língua afiada."

Killer permaneceu em pé, observando em silêncio.

Kaien apoiou o Solar Axe no chão. "Qual é o seu nome?"

"Lyra", respondeu. "E não estou interessada em companhia."

Kaien sorriu. "Não perguntei se estava interessada. Perguntei o nome."

Ela estreitou os olhos. "E por que um pirata como você quer saber?"

"Porque você não erra", disse Kaien. "E eu quero gente que não erra."

Lyra riu de canto. "Você fala como se já soubesse o que eu sou."

Kaien inclinou-se para frente. "Você vê o futuro, não é? Seu Haki não é só mira. É visão. Você já sabia que eu ia falar com você antes mesmo de eu entrar aqui."

O silêncio tomou conta da mesa. Kid arregalou os olhos, impressionado. Killer apenas observava.

Lyra respirou fundo. "E se for verdade? O que você faria com isso?"

Kaien sorriu. "Eu faria o mundo se curvar ainda mais rápido."

Na manhã seguinte, Lyra estava no convés do Xeeksot. Não disse que aceitava. Não pediu permissão. Apenas subiu a bordo com o rifle nas costas e se posicionou no mastro, como se sempre tivesse pertencido àquele lugar.

Kid riu. "Então é assim que funciona? Você só aparece e pronto, já faz parte?"

Lyra respondeu sem olhar para ele: "Eu não faço parte de nada. Só estou aqui porque quero ver até onde essa loucura vai."

Killer, do outro lado, murmurou: "Ela vai ficar."

Kaien sorriu. "Claro que vai. O mundo pulsa, e ela já está no compasso."

Naquela noite, reunidos em volta de uma fogueira improvisada no convés, a tripulação começou a compartilhar histórias. Kid contou sobre sua infância miserável, roubando ferro e sucata para sobreviver. Falava com orgulho, como se cada cicatriz fosse uma medalha.

"Eu sempre soube que o ferro me obedecia", disse, girando uma corrente no ar. "Mas nunca soube o que fazer com isso. Até conhecer você, Kaien. Agora acho que posso construir algo maior… ou destruir tudo, se for preciso."

Lyra, por outro lado, foi mais reservada. "Eu cresci em Valdora, no meio de famílias mafiosas. Aprendi a atirar antes de aprender a escrever. Meu Haki sempre esteve comigo, mas nunca foi um presente. Ver o futuro é um fardo. Você vê mortes que não pode impedir, vê traições antes que aconteçam. Eu só quero atirar sem pedir permissão."

Killer permaneceu em silêncio por muito tempo, até que Kaien o encarou. "E você?"

Ele ergueu os olhos, frios como sempre. "Não tenho história para contar. Só tenho o presente. E no presente, sigo você."

Kaien sorriu. "Isso já é o bastante."

O Xeeksot navegava em direção a novas águas, e cada um deles carregava dentro de si um pedaço de escuridão. Kid, com sua fúria magnética. Killer, com seu silêncio letal. Lyra, com sua mira que atravessava o tempo. E Kaien, com o peso inevitável de sua vontade.

Ainda não eram uma tripulação completa. Ainda não eram uma família. Mas naquela noite, sob o céu estrelado, algo começou a se formar. Algo que o mundo ainda não estava pronto para enfrentar.

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